quinta-feira, 26 de julho de 2007

Nesta vida, em que sou meu sono

Nesta vida, em que sou meu sono,
Não sou meu dono,
Quem me sou é quem ignoro e vive
Através desta névoa que sou eu
Todas as vidas que eu outrora tive,
Numa só vida.
Mar sou; baixo marulho ao alto rujo,
Mas minha cor vem do meu alto céu,
E só me encontro quando de mim fujo.

Quem quando eu era infame me guiava
Senão a vera alma que em mim estava?
Atada pelos braços corporais,
Não podia ser mais.
Mas, certo, um gesto, olhar ou esquecimento
Também, aos olhos de quem bem olhasse
A Presença Real sob o disfarce
Da minha alma presente sem intento.

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