quinta-feira, 26 de julho de 2007

Não venhas mais ao cais, Menina Negra

   Não venhas mais ao cais, menina negra.
Que esperas tu ainda?
Já sabes a tua sina:
o branco que partiu não volta mais!

E tu, olhando o cais,
menina negra linda,
vês o teu lindo sonho que já finda...

Cantaram o feitiço do teu corpo,
nessa noite sensual em que tiveste
por lençol nupcial uma folha de palma;
cantaram o feitiço do teu corpo,
mas não sabias nem soubeste
que o branco tem feitiço na alma.

Habituada ao balouço da canoa
nas margens do rio Dande,
e depois embalada pelo amor,
sonhaste viajar num enorme vapor
que navega no mar grande
e vai para Lisboa!

Ouve, menina negra: mato não é cidade,
oceano não é rio, dongo não é navio
e o sonho que sonhaste não é sonho, é saudade...

Não venhas mais ao cais,
que o branco não volta mais!

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