João da Cruz e Souza nasceu em 21 de novembro de 1861 em Desterro, hoje Florianópolis, Santa Catarina. Seu pai e sua mãe, negros puros, eram escravos alforriados pelo marechal Guilherme Xavier de Sousa. Ao que tudo indica o marechal gostava muito dessa família pois o menino João da Cruz recebeu, além de educação refinada, adquirida no Liceu Provincial de Santa Catarina, o sobrenome Sousa.
Apesar de toda essa proteção, Cruz e Souza sofreu muito com o preconceito racial.Cruz e Souza morreu em 19 de março de 1898 na cidade mineira de Sítio, vítima de tuberculose. Suas únicas obras publicadas em vida foram Missal e Broquéis.
Cruz e Souza , sem sombra de dúvidas, o mais importante poeta Simbolista brasileiro, chegando a ser considerado também um dos maiores representantes dessa escola no mundo. Muitos críticos chegam a afirmar que se não fosse a sua presença, a estética Simbolista não teria existido no Brasil. Sua obra apresenta diversidade e riqueza.
De um lado, encontram-se aspectos noturnos, herdados do Romantismo como por exemplo o culto da noite, certo satanismo, pessimismo, angústia, morte, etc. Já de outro, percebe-se uma certa preocupação formal, como o gosto pelo soneto, o uso de vocábulos refinados, a forma das imagens etc. Em relação a sua obra, pode-se dizer ainda que ela tem um caráter evolutivo, pois trata de temas até certo ponto pessoais como por exemplo o sofrimento do negro e evolui para a angústia do ser humano.
A Música da Morte, a nebulosa,
estranha, imensa musica sombria,
passa a tremer pela minh’alma e fria
gela, fica a tremer, maravilhosa…
Onda nervosa e atroz, onda nervosa,
letes sinistro e torvo da agonia,
recresce a lanciante sinfonia,
sobe, numa volúpia dolorosa…
Sobe, recresce, tumultuando e amarga,
tremensa, absurda, imponderada e larga,
de pavores e trevas alucina…
E alucinando e em trevas delirando,
como um ópio letal, vertiginando,
os meus nervos, letárgica, fascina…
Fonte: site - Jornal de poesia http://jornaldapoesia.wordpress.com/
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