segunda-feira, 30 de julho de 2007

Ao meu falecido irmão Manuel Maria Barbosa du Bocage

Meu sacana de versos! Meu vadio,
Fazes falta ao Rossio. Falta ao Nicola.
Lisboa é uma sarjeta. É um vazio.
E é raro o poeta que entre nós faz escola.

Mastigam ruminando o desafio.
São uns merdosos que nos pedem esmola.
Aos vinte anos cheiram a bafio,
têm joanetes culturais na tola.

Que diria Camões, nosso padrinho,
ou o Primo Fernando que acarinho
como Pessoa viva à cabeceira?

O que me vale é que não estou sozinho,
ainda se encontram alguns pés de linhos
crescendo não sei como na estrumeira.

SONETOS PORTUGUESES, LELLO & IRMÃOS - EDITORES, 1995, P.104

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