terça-feira, 30 de setembro de 2008

A flor do embiroçu

Quando a noturna sombra envolve a terra
E à paz convida o lavrador cansado,
À fresca brisa o seio delicado
A branca flor do embiroçu descerra.

E das límpidas lágrimas que chora
A noite amiga, ela recolhe alguma;
A vida bebe na ligeira bruma,
Até que rompe no horizonte a aurora.

Então, à luz nascente, a flor modesta,
Quando tudo o que vive alma recobra,
Languidamente as suas folhas dobra,
E busca o sono quando tudo é festa,

Suave imagem da alma que suspira
E odeia a turba vã! da alma que sente
Agitar-se-lhe a asa impaciente
E a novos mundos transportar-

se aspira!

Também ela ama as horas silenciosas,
E quando a vida as lutas interrompe,
Ela da carne os duros elos rompe,
E entrega o seio às ilusões viçosas.

É tudo seu, — tempo, fortuna, espaço,
E o céu azul e os seus milhões de estrelas;
Abrasada de amor, palpita ao vê-las,
E a todas cinge no ideial abraço.

O rosto não encara indiferente,
Nem a traidora mão cândida aperta;
Das mentiras da vida se liberta
E entra no mundo que jamais não mente.

Noite, melhor que o dia, quem não te ama?
Labor ingrato, agitação, fadiga,
Tudo faz esquecer tua asa amiga
Que a alma nos leva onde a ventura a chama.

Ama-te a flor que desabrocha à hora
Em que o último olhar o sol lhe estende,
Vive, embala-se, orvalha-se, rescende,
E as folhas cerra quando rompe a aurora.

Fonte: Grupo do Yahoo jovemgdd - post de Vitor MC Mendes 30Set2008

sábado, 27 de setembro de 2008

Chapolera

En la hacienda de mi amor
mi madre fue chapolera
de la zona cafetera
una mariposa en flor. (bis)

De todas la más hermosa
por eso un día su patrón
al verla se enamoró
y quiso hacerla su esposa

Cómo no, su patrón, que señor!
¡Eso no puede ser!
¡Cómo no!
si yo no soy para usted
¡Cómo no!
a mí me parió la tierra
entre matas de café
Cómo no, su patrón que señor!
Yo no puedo querer
¡Cómo no!
a un hombre como a usted
¡Cómo no!
que solo por ser galante
se cree que me va a tener
Cómo no, su patrón, que señor! (bis)
(Bis)

Mi madre le contestó
sin haberse percatado
de que ya le habían jugado
a la suerte el corazón (bis)

Así conoció el amor
ay para desgracia mía
de aquel amor nací yo
la historia se repitió

Composição: Margarita Rosa de Francisco
Fonte: Letras.mus.br

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

CARTA A MEUS FILHOS

Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente â secular justiça,
para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de urna classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadela de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de té-1a.
É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém
está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -
não hão-de ser em vão. Confesso que
multas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã».
E. por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.

Jorge de Sena (1919-1978)
Fonte: Grupo do Yahoo "Observatório Sociológico" - mensagem de Rui Mendes de 25Set2008

Camões dirige-se aos seus contemporâneos

Podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
Que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
Para passar por meu. E para os outros ladrões,
Iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.

Fonte: Grupo do Yahoo "Observatório Sociológico" - mensagem de Rui Mnedes de 24Set2008

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O meu olhar é nítido como um girassol

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita
e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...(...)

(Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914)

sábado, 20 de setembro de 2008

El pájaro yo

(Pablo Insulidae Nigra)

ME llamo pájaro Pablo,
ave de una sola pluma,
volador de sombra clara
y de claridad confusa,
las alas no se me ven,
los oídos me retumban
cuando paso entre los árboles
o debajo de las tumbas
cual un funesto paraguas
o como una espada desnuda,
estirado como un arco
o redondo como una uva,
vuelo y vuelo sin saber,
herido en la noche oscura,
quiénes me van a esperar,
quiénes no quieren mi canto,
quiénes me quieren morir,
quiénes no saben que llego
y no vendran a vencerme,
a sangrarme, a retorcerme
o a besar mi traje roto
por el silbido del viento.
Por eso vuelvo y me voy,
vuelo y no vuelo pero canto:
soy el pájaro furioso
de la tempestad tranquila.

Fonte: "Poemas del Alma"

Los llamo [Chamo-os]

Uno a uno hablaré con ellos está tarde.
Uno a uno, llegáis en el recuerdo,
esta tarde, a esta plaza.

Manuel Antonio López,
camarada.

Lisboa Calderón,
otros te traicionaron, nosotros continuamos tu
jornada.

Alejandro Gutiérrez,
el estandarte que cayó contigo
sobre toda la tierra se levanta.

César Tapia,
tu corazón está en estas banderas,
palpita hoy en el viento de la plaza.

Filomeno Chávez,
nunca estreché tu mano, pero aquí está tu mano:
es una mano pura que la muerte no mata.

Ramona Parra, joven
estrella iluminada,
Ramona Parra, frágil heroína,
Ramona Parra, flor ensangrentada,
amiga nuestra, corazón valiente,
niña ejemplar, guerrillera dorada:
juramos en tu nombre continuar esta lucha
para que así florezca tu sangre derramada.

Fonte: "Poemas del Alma"

Tengo miedo

Tengo miedo. La tarde es gris y la tristeza
del cielo se abre como una boca de muerto.
Tiene mi corazón un llanto de princesa
olvidada en el fondo de un palacio desierto.

Tengo miedo -Y me siento tan cansado y pequeño
que reflojo la tarde sin meditar en ella.
(En mi cabeza enferma no ha de caber un sueño
así como en el cielo no ha cabido una estrella.)

Sin embargo en mis ojos una pregunta existe
y hay un grito en mi boca que mi boca no grita.
¡No hay oído en la tierra que oiga mi queja triste
abandonada en medio de la tierra infinita!

Se muere el universo de una calma agonía
sin la fiesta del Sol o el crepúsculo verde.
Agoniza Saturno como una pena mía,
la Tierra es una fruta negra que el cielo muerde.

Y por la vastedad del vacío van ciegas
las nubes de la tarde, como barcas perdidas
que escondieran estrellas rotas en sus bodegas.

Y la muerte del mundo cae sobre mi vida.


Fonte: BLogue "Poemas del Alma"

El miedo

Todos me piden que dé saltos,
que tonifique y que futbole,
que corra, que nade y que vuele.
Muy bien.

Todos me aconsejan reposo,
todos me destinan doctores,
mirándome de cierta manera.
Qué pasa?

Todos me aconsejan que viaje,
que entre y que salga, que no viaje,
que me muera y que no me muera.
No importa.

Todos ven las dificultades
de mis vísceras sorprendidas
por radioterribles retratos.
No estoy de acuerdo.

Todos pican mi poesía
con invencibles tenedores
buscando, sin duda, una mosca,
Tengo miedo.

Tengo miedo de todo el mundo,
del agua fría, de la muerte.
Soy como todos los mortales,
inaplazable.

Por eso en estos cortos días
no voy a tomarlos en cuenta,
voy a abrirme y voy a encerrarme
con mi más pérfido enemigo,
Pablo Neruda.

Fonte: Blogue "Poemas del Alma"

Silencio

Yo que crecí dentro de un árbol
tendría mucho que decir,
pero aprendí tanto silencio
que tengo mucho que callar
y eso se conoce creciendo
sin otro goce que crecer,
sin más pasión que la substancia,
sin más acción que la inocencia,
y por dentro el tiempo dorado
hasta que la altura lo llama
para convertirlo en naranja.

Fonte: Blogue "Poemas del Alma"

sábado, 13 de setembro de 2008

Día de la Madre

Mamá merece un lavarropas nuevo
y una multiprocesadora de 400 vatios de potencia
y una más moderna licuadora

Mamá merece también una tostadora eléctrica
de última generación
y un secavajillas con cinco programas y tres temperaturas

Mamá es muy buena
No hay como mamá

Mamá merece una lustraspiradora
con barral cromado rebatible y tres cepillos flotantes
¿Qué menos que una máquina de coser
con quince funciones de puntada
merece mamá?

Mamá es muy buena
Merece esto y mucho más

Mamá merece una cocina con paneles autolimpiantes
y puerta visor con doble vidrio
Mamá merece una plancha con capacidad
de tanque para 320 mililitros

Mamá es muy buena
Queremos mucho a mamá
Demos de una vez en el blanco
de las principales
necesidades de mamá.

Fonte: Blogue "Poemas del Alma" - post de 13Set2008

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Radiografía de una tumba

la muerte está en todas partes
en los aviones
en las carreteras
tras un árbol
en los pasos de cebra
dentro de un water
en los campos de maíz
en las botellas
en los combates de boxeo
dentro de una ola
en los parkings subterráneos
en las jeringuillas
en los casinos
tras un rayo
en la bombona de butano
acurrucada en un coche
en las pistolas
en los baños públicos
en tus manos
dentro de un furgón blindado
en la noche
la muerte no hace distinciones
de sexo raza o religión
se lleva a tu padre
a tu madre
al repartidor de pizzas
a la portera de la calle 14
al tres veces campeón de tenis
a los aztecas
romanos
fenicios
contemporáneos
al cantante de moda
al derviche de turno
al pobre
al más pobre
al rico
a mi abuela
a los jugadores de fútbol
al muchacho de color
y al blanquito
a las modelos
a los camellos
gualtrapas
santurrones
y filósofos de ocasión
a los tres reyes magos
al vecino de arriba
y también al de debajo
a ti
a mí

ante la inminencia de la muerte
no es necesario precipitarse
en hacer esas cosas que uno siempre quiso
y nunca pudo
teñirse el pelo
matar a un hombre
follarse a la mujer de tu hermano
robar un banco
ir a un concierto de leonard cohen
meterse un pico
tener un gato
comer iguana
bañarse en champagne
visitar egipto
ser político
tocar el piano
tener un hijo
o dos
comprarse un coche
nadar cien metros
casarse
donar un riñon
ver la tele
amar

ante la muerte sólo nos
queda morirnos

Fonte: Blogue "Poemas del Alma" - post de 09Set2008

sábado, 6 de setembro de 2008

Se unen la tierra y el hombre

ARAUCANÍA, ramo de robles torrenciales,
oh Patria despiadada, amada oscura,
solitaria en tu reino lluvioso:
eras sólo gargantas minerales,
manos de frío, puños
acostumbrados a cortar peñascos:
eras, Patria, la paz de la dureza
y tus hombres eran rumor,
áspera aparición, viento bravío.

No tuvieron mis padres araucanos
cimeras de plumaje luminoso,
no descansaron en flores nupciales,
no hilaron oro para el sacerdote:
eran piedra y árbol, raíces
de los breñales sacudidos,
hojas con forma de lanza,
cabezas de metal guerrero.

Padres, apenas levantasteis
el oído al galope, apenas en la cima
de los montes, cruzó el rayo
de Araucanía.
Se hicieron sombra los padres de piedra,
se anudaron al bosque, a las tinieblas
naturales, se hicieron luz de hielo,
asperezas de tierras y de espinas,
y así esperaron en las profundidades
de la soledad indomable:
uno era un árbol rojo que miraba,
otro un fragmento de metal que oía,
otro una ráfaga de viento y taladro,
otro tenía el color del sendero.
Patria, nave de nieve,
follaje endurecido:
allí naciste, cuando el hombre tuyo
pidió a la tierra su estandarte
y cuando tierra y aire y piedra y lluvia,
hoja, raíz, perfume, aullido,
cubrieron como un manto al hijo,
lo amaron o lo defendieron.
Así nació la patria unánime:
la unidad antes del combate.

Fonte: Blogue "Poemas del Alma"

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Las palmeras de los caballos rojos (Córdoba)

Si te invitan a viajar y aceptas,
aceptas la razón de quien te halaga.

Serás eso que desean, en cualquier parte:
poeta o poetastro,

algo representas para ellos.

Entre un viaje y otro,
distraes la conciencia de tu gran fracaso.

O no fracaso, no, la angustia adolescente,
¿quién soy? que no ha cesado.

¡Acepta las invitaciones a viajar!
¡La vida es un viaje!

Y cuando todo acabe,
labrada tu soledad pacientemente,

si alguien te preguntase
como Pessoa a Alvaro de Campos:

-¿Amaste?

(qué inútil todo)

entenderías
que si alguna razón de la existencia hubiese,

la habrías desdeñado.


Nota: En Las palmeras de los caballos rojos resumo un diálogo imaginado por Antonio Tabucchi entre Alvaro de Campos y Fernando Pessoa que forma parte del relato Los tres últimos días de Fernando Pessoa traducido por Carlos Gumpert M. y Xavier González Rovira:

“¿Has amado de verdad a alguien?, susurró Pessoa.
He amado de verdad a alguien, respondió en voz baja Campos.
Entonces yo te absuelvo, dijo Pessoa, te absuelvo, creí que en tu vida sólo
habías amado la teoría.”

Fonte: Blogue "Poemas del Alma"

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