quinta-feira, 26 de julho de 2007

Dia de Chuva no Mato

   Chove,
   E a trovoada
   é um batuque incessante,
   uma estranha batucada.

   Os raios são setas de fogo
   que mesteriosamente, em tom de guerra,
   espíritos do mal lançam da Altura
   para incendiar a Terra.

   O vento
   Ora violento, ora brando,
   o vento é o cazumbi dos cazumbis
   -o deus do mar, do rio e da floresta-
   que vai cantando e dançando,
   em tragicómica festa,
   o seu coro de mil vozes,
   os seus bailados febris.

   As nuvens negras são virgens tontas,
   quais almas do outro mundo,
   errando como sonambulas
   pelo céu negro e profundo...
   E a chuva, constante e forte,
   é o pranto (parece eterno)
   dos deuses negros que a Morte
   sacrificou no Inferno.

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