Pela estrada desce a noite...
Mãe-Negra, desce com ela...
Nem buganvilias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guisos,
nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...
Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...
Mãe-Negra não sabe nada...
Mas aí de quem sabe tudo,
como eu sei tudo
Mãe-Negra!
Os teus meninos cresceram,
e esqueceram as histórias
que customavas contar...
Muitos partiram p'ra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta, bem calada.
É tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada...
domingo, 22 de julho de 2007
Prelúdio
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