sábado, 1 de dezembro de 2007

SUGESTÃO

Entro na igreja majestosa e calma,
erro na sombra sobre as arcarias.
Anda no ar silêncio, e a minha alma
toma a frieza das colunas frias...

Numa capela triste aonde espalma,
dourado lustre, chamas fugidias,
tocam-me o peito as sete duma palma,
e evocam-me de Cristo as agonias.

Começa o som do orgão, morno, errante,
o aroma do incenso penetrante
como as garras aduncas do tormento.

E já o desejo acre de esquecer,
ao longe o mundo eu só escutar e ver,
coração me nasce brando e lento...

Fonte: Poemas de Edmundo de Bettencourt (1964)

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