segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Metade
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é o silêncio
Que a música que ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo
Seja p´ra sempre amada
mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade
Que as palavras que eu falo
Não seja, ouvidas como prece
Nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a a única coisa
Que resta a um homem
Inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma
E na paz que eu mereço
E que essa tensão
Que me corroe por dentro
Seja um dia recompensada
Porquer metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão
Que a medo da solidão se afaste
E que o conívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável
Porque metade de mim
É a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei
Que o espelho reflicta
Em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim
É a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei
Que não seja preciso
Mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio
Me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade
Para fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia
e a outra metade é canção
E que a minha loucura
Seja perdoada
Porque metade de mim
É amor
E a outra metade
Também
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