segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Magro, de olhos azuis, carão moreno

Magro, de olhos azuis, carão moreno,

Bem servido de pés, meão na altura,

Triste de facha, o mesmo de figura,

Nariz alto no meio, e não pequeno;


Incapaz de assistir num só terreno,

Mais propenso ao furor do que à ternura,

Bebendo em níveas mãos por taça escura

De zelos infernais letal veneno;


Devoto incensador de mil deidades

(Digo, de moças mil) num só momento,

E somente no altar amando os frades;


Eis Bocage, em quem luz algum talento;

Saíram dele mesmo estas verdades

Num dia em que se achou mais pachorrento.

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