segunda-feira, 6 de agosto de 2007

A Macaca


Em verso alexandrino



Nos serros do Brasil diz certo autor que havia
Uma namoradeira, uma sagaz bugia.


Milhões de chichisbéus pela taful guinchavam,
E por não terem asa, o rabo lhe arrastavam.
Qual, caindo-lhe aos pés de amores cego e louco,
Nas cabeludas mãos lhe apresentava um coco;


Qual do açúcar brilhante a sumarenta cana;
E qual um ananás, e qual uma banana.
Ela com riso astuto, ela com mil caretas,
Lhe entretinha a paixão, lhe ia doirando as petas;


Os olhos requebrava ao som de um suspirinho:
A todos prometia o mais fiel carinho,
E, se algum lhe rogava especial favor,
À terna petição dizia: "Sim, senhor."


Mas com muita esperança o fruto era nenhum,
E os pobres animais ficavam em jejum.
Leitores, há mulher tão destra e tão velhaca,
Que nisto não ganha inda a melhor macaca.


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