domingo, 5 de agosto de 2007

Em tudo vejo mudanças


MOTE


Em tudo vejo mudanças,
senão onde as ver quisera;
passa a vida em esperanças,
nunca chega a que se espera.


VOLTA


E posto que chegue o bem
- o que duvido de ser - ,
que gasto se pode ter
na que firmeza não tem?
Vida cheia de mudanças,
tudo em ti cansa e altera;
porque dás mil esperanças
e não dás o que se espera.


O mal é que te conheço
já por falsa e sem firmeza;
e, com ter esta certeza,
inda te não aborreço.
De tuas vãs esperanças
ver-me já livre quisera,
por me rir das mudanças
do que espera e desespera.


Redondilhas apócrifas


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