domingo, 22 de julho de 2007

A UM HERÓI REDENTOR QUE VI EM SONHOS

Ao lampejar da tua espada,
- Nuno sem Mestre d'Avis,
Rufam marchas de alvorada
Os corações juvenis!

É que ela enfim representa,
Neste transe derradeiro,
A jovem noiva sangrenta
Do orgulho dum povo inteiro.

Um simples bocado d'aço,
A dardejar em tua mão,
Na noite negra do espaço
Fez uma constelação.

Dentre as espadas formosas
Nenhuma tão viva e bela!
Moças, atirai-lhe rosas!
Mães, pedi ao Céu por ela 1

Sonho essa espada guerreira,
Em brasa, sobre um altar,
Entre festões d'amendoeíra
E vozes d'oiro a cantar...

Na folha febricitante
Arde um épico esplendor
De heroismo augusto e radiante,
Irmão da Morte e do Amor!...

Venham adorá-la e vê-Ia,
Como um filho adora um pai!...
Na ponta luz-lhe uma estrela...
Ó aves do azul, gorjeai!...

Gorjeai-lhe uma ladainha
Celeste, um cântico esparso
Como sobre o trigo e a vinha
Gorjeais nas manhãs de Março.

Vencida embora, que importa,
Cravem-na rubra, auroreal,
Na tumba da Pátria morta,
- Vermelha cruz imortal!

Ah, um ferro que assassina
Tem para nós tanto encanto,
Como uma palma divina
Nos dedos magros dum santo!

Sobre os seus ígneos lampejos,
Como sobre as verdes palmas
Volitam canções de beijos,
Murmúrios sidéreos d'almas..

É que uma espada bem fria
Faz-nos chorar e ajoelhar,
Quer no peito de Maria,
Quer nas mãos de Joana d'Arc!...

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails