Não sei, por estas noites tropicais, o que me encanta... Se é o luar que canta ou a floresta aos ais. Não sei, não sei, aqui neste sertão de musica dolorosa qual é a voz que chora e chega ao coração... Qual o som que aflora dos lábios da noite misteriosa! Sei apenas, e isso é que importa, que a tua voz, dolente e quase morta, já mal a escuto, por andar ausente, já mal escuto a tua voz dolente... Dolente, a tua voz "luena", lá do distante Moxico, que disponho e crucifico nesta amargura morena... Que é o destino selvagem duma canção em que tange, por entre a floresta virgem o meu saudoso "Quissange". Quissange, fatalidade deste meu triste destino... Quissange, negra saudade do teu olhar diamantino. Quissange, lira gentia, cantando o sol e o luar, e chorando a nostalgia do sertão, por sobre o mar. Indo mares fora, mares bravos, em noite primaveril acompanhando os escravos que morreram no Brasil. Não sei, não sei, neste verão infinito, a razão de tanto grito... -Se és tu, oh morte, morrei! Mas deixa a vida que tange, exaltando as amarguras, e as mais tristes desventuras do meu amado Quissange!
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Quissange - Saudade Negra
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