Parti da rua velha e suja,
da casa apalaçada, fria e bafienta,
Do jardim sem graça e mal cuidado
Que era o presunçoso parque da minha infância.
Parti; tudo deixei diluído
nessas primeiras memórias confusas
Dos seres que nos rodeiam,
De carinhos que nos atormentam,
de castigos que nos flagelam.
E os doces, e os beijos lambusados,
e as teimas cegas,
E as antipatias escondidas de criança,
E as primerias curiosidades,
E os olhos para tudo abertos,
sem nada compreenderem.
Tudo deixei para trás, nessa lembtrança confusa
Da primeira meninice que findava
e da vida nova que surgia.
Parti! Pelo monótono mas da monótona viagem,
Longos dias iguais, primeiras horas
dos primeiros tédios a despontar!
E o comandante que metia medo,
e o navio sempre a balouçar como um brinquedo,
E os sustos quaqndo o menino desaparecia,
e a história do tubarão e da carne tenra do menino
que caiu ao mar...
Primeira ilha descoberta,
Rumo de descobridores.
Primeira névoa,
Primeira visão larga do mundo,
Outras ilhas, outras praiais, outros mares.
Primeira praia de África a distância,
Pretos no areal.
Mas o menino ficou prisioneiro no navio,
Porque o mar encapelado podia tragar o menino.
e depois disso ele ficou sempre prisioneiro,
para que ios mares encapelados não o tragassem.
Mas não foi mais do navio que ficou prisioneiro,
Foi daquels praiais vistas a distância
quando era pequenino,
Daqueles vultos vistos a distância,
Da vida,
Do mundo,
De si próprio.
Primeiras praias de África visionadas,
Primeira sombra de palmar...
Fonte: Poemas imperfeitos
sábado, 26 de janeiro de 2008
Primeiras praias de África visionadas...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário