Medo não é o temor dos piratas no Rio de Oeste,
Nem dos tufões no mar.
Não é receio dos tiros, pela noite,
No rio povoado de lorchas e traições;
Nem o susto dos enforcados,
Ao luar branco,
No mangal da Areia Preta.
Medo não é o terror da guerra,
nem da fome, nem da cólera,
Nem das chagas dos leprosos
na Ilha de S. João;
Não é suspeita
de que a morte espreita,
Continuadamente,
e nos levará.
Medo não é contágio da tristeza
Quando a tarde tomba
E o ocaso ensanguenta
O mar de água barrenta,
As terras e o céu,
Até as ilhas serem tragadas pelo negrume
E as montanhas pelo escuro,
E nada restar senão a treva
E os gritos que atravessam a noite,
Vindos não sei donde,
Para não sei onde.
Medo não é o temor das ciladas,
Nem dos punhais,
Nem dos beijos vermelhos que enganam
e sorvem lentamente as vidas...
Medo é este pavor de que tu partas
e me deixes só.
sábado, 2 de fevereiro de 2008
Medo...
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