Irei amar-te,
Embondeiro
Meu tronco seco no teu,
Braços que vão pocurar
Outros que buscam o céu,
que nesse monte cimeiro
onde vives desolado,
Vou cobrir teu peito nu.
Com o meu cabelo enrolado!
Na solidão... eu e tu.
Estendo tuas raízes
A dar seiva a quem passa,
Agente que passa a rir,
Fingindo que são felizes
Num mundo todo a ruir.
Ao menino deserdado,
mais pobrinho,
mais sozinho,
Que brinca lá na lagoa,
Dou teu fruto aveludado
Para fazer uma canoa.
Dou o teu ventre fibroso,
A mendigo desditoso,
Por abigo em noite fria;
E as feras mansas, tremendo,
No medo sem companhia.
Nós vamos rindo embondeiro
Desse teu monte cimeiro,
De quem ri da solidão.
De ti, que não vales nada,
Nem dás tábua para caixão
Como é bom ser esse nada!...
Não dar tábua serrada,
Não ser madeira forrada,
A transportar podridão!...
....
Concha Pinhão foi a vencedora do 1º prémio dos Jogos florais das «x Festas do Mar» 1971, com o poema «Embondeiro»
Fonte: Blogue "Gente do meu tempo" - post de 09Fev2008
sábado, 9 de fevereiro de 2008
EMBONDEIRO
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