segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

ESPERANÇA

O poema quer nascer das trevas.
Está nas palavras, e não as sei.
É como um filho que não tem caminho
No ventre da mãe.
Dói,
Dói,
Mas a negar-me teimosamente
A todos os acenos libertadores
Do desespero dilacerado.
No silêncio cansado
E paciente
Canta um galo vidente.
E diz que cada dia
Que anuncia
É sempre um dia novo
De renovo
E poesia.

Coimbra, 31 de Dezembro de 1989
Fonte: Poesia Completa II - Miguel Torga

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails