quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Se a minha terra é de cor!...

A minha terra tem cor.

eu não conheço outra terra
onde haja tanta beleza
nas síncopes coloridas
dum fim de tarde…

inda está p’ra ser fadado
um tão nevado luar
que derrame tanto leite
em noites de lua cheia…

no meu corpo bronzeado,
na minh’alma cor de neve,
na minha terra tão linda,
há orgias embriagantes
de cor.

- se a minha terra é de cor!...

na chaga sangrenta
da rubra queimada
sem fim,
queimando dentro de mim,
e no passado negrume
de certas noites sem lua;
e com o lume apagado
no rutilante luzeiro
do Cruzeiro,
onde foi crucificada
a minha Raça,

- a minha terra tem cor!

nos frutos tão bons,
nas águas imensas,
nos campos lavrados,
nos céus anilados,
nos corpos tão negros
de pretos,
de pretas,
nas estrelinhas trementes,
- lágrimas de Deus
derramadas
pelos negros inocentes
há doces tonalidades
mistérios
suavidades,
cambiantes fascinantes
de cor

- se a minha terra é de cor!...


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