quinta-feira, 22 de outubro de 2009

PARAÍSO

Se houver além da Vida um Paraíso,
Outro modo de ser e de viver,
Onde p´ra ser feliz seja preciso
Apenas ser;

Onde uma Nova Terra áurea receba
Lágrimas, já diversas de alegria,
E em Outro Sol nosso olhar outro beba
Um Novo e Eterno Dia;

Onde o Áspide e o Pomba de nossa alma
Se casem, e com a Alma Exterior
Numa unidade dupla – sua e calma –
Nossa alma viva, e à flor

De nós nosso íntimo sentir decorra
Em outra Cousa que não Duração,
E nada canse porque viva ou morra –
Acalmaremos então?

Não: uma outra ânsia, a de infelicidade,
Tocar-nos-á como uma brisa que erra,
E subirá em nós a saudade
Da imperfeição da Terra.

11/1912

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