quinta-feira, 3 de abril de 2008

O Menino de Sua Mãe

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece
De balas trespassado
Duas, de lado a lado,
Jaz morto e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com o olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome, e o mantivera:
O menino de sua mãe.

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve
Dera-lhe a mãe. Está inteira
É boa a cigarreira
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo
A brancura embainhada
De um lenço...deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa há a prece:
Que volte cedo, e bem
(Malhas que o império tece)
Jaz morto e arrefece
O Menino de Sua Mãe

Fonte: Blogue "Estado Sentido" - post de 02Abr2008

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