sábado, 5 de abril de 2008

À guerra, à guerra, mourinhos!

- À guerra, à guerra, mourinhos!

Quero uma cristã cativa!

Uns vão pelo mar abaixo
Outros pela terra acima.


- Venha uma cristã cativa
Que é para a nossa rainha.

Uns vão pelo mar abaixo,
Outros pela terra acima.
Os que foram mar abaixo
Não encontraram cativa;
Tiveram melhor fortuna
Os que foram terra acima:
Deram com o conde Flores
Que vinha da romaria
Vinha lá de Santiago,
Santiago da Galiza
Mataram o conde Flores,
A condessa foi cativa
A rainha mal que o soube,
Ao caminho lhe saía:

-Em boa hora venha a escrava,
Boa seja a sua vinda!
Aqui lhe entrego estas chaves
Da despensa e da cozinha,
Que me não fio de mouras
Não me dêem feitiçaria.

-Aceito suas chaves, senhora
Por grande desdita minha...
Ontem condessa jurada,
Hoje moça de cozinha
Duas irmãs que nós éramos.
Ambas de mouros cativas!

-Dize-me tu, minha escrava.
Tua irmã que nome tinha?

-Chamava-se Branca Rosa
Branca Flor de Alexandria
Foi cativada de mouros
Dia de Páscoa Florida
Andava apanhando rosas
Num rosal que meu pai tinha

-Ai triste de mim, coitada
Ai triste de mim, mofina
Mandei buscar uma escrava,
E trazem-me uma irmã minha!

Deram beijos e abraços,
E uma à outra dizia:

Quem se vira em Portugal
Terra que Deus bendizia!

Juntaram muita riqueza
De ouro e pedraria;
Uma noite abençoada
Fugiram da Mouraria
Foram ter à sua terra
Terra de Santa Maria
Meteram-se num mosteiro,
Ambas professaram num dia.

Livro de Leitura da 3ª Classe
Fonte: Blogue Estado Sentido - post de Cristina Ribeiro de 05Abr2008.

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