Fonte: Blogue "Para quem quer se soltar, invento o Cais" - post de 27Abr2008
terça-feira, 29 de abril de 2008
segunda-feira, 28 de abril de 2008
A Pátria
Quadrinha para o 1º número da NOVA ÁGUIA
A PÁTRIA
Há muito que não existe
Não é já sequer, hoje, uma Miragem
Tão-só uma Sombra, só e triste
Um Caminho sem Horizonte, uma Via sem Viagem
Fonte: Nova Águia - post de 28Abr2008
domingo, 27 de abril de 2008
Poema ao Namibe
Sol e maresia abundam por ali
Espectacular oásis onde brinquei
Sintam o lugar lindo que adorei
2 - Na Natureza dessas paragens
Vemos dunas e miragens
O chão ondulado no calor
Expira ar queimado do ardor
3 - Grãos amontoados de areia lisa
Moldados pelo vento e pela brisa
Infinita imagem de áridas ternuras
Inferno que amamos sem verduras
4 - No casario junto à praia
Onde cresci e sonhei
Muito que de mim saia
Dos pescadores herdei
5 - Tenro, nu nadei na enseada grande
De nome, era mas já não é Alexandre.
Tombua, nome novo. Esquisito!
Agora já soa, para mim, bonito.
À terra o homem quis e ligou
O que Deus há muito semeou
6 - Welwitschia é seu nome
Mirabilis seu sobrenome
Tombua foi nome primitivo
O da Europa é o conhecido
7 - No Namibe foi onde Ele quis
No deserto a planta é feliz
O botânico a beldade estudou
Ao mundo a raridade divulgou
8 - Terra e Planta, Planta e Terra
No Namibe, perfeita combinação
Abençoada Natureza encerra
Os meus sonhos e paixão
9 - Casuarina, taipando aquele Local
Pinheiro bravo, importante Vegetal
Serenou as areias do ventão
E todos viveram na povoação
10 - Ao Norte, na saliente pontinha
Onde o Diogo nos pôs na Historinha
Pela escuridão Cabo Negro baptizou
Logo com Padrão o sítio marcou
11 - Naturalmente defronte em homenagem
O Navegador teve a sua imagem
Donde peixe e mexilhão foi apanhado
No Museu está o padrão apresentado
Hino do Colégio de Moçâmedes
Meu colégio tão querido
Meu vergel de pomos d'oiro
Meu canteiro preferido
Meu trigal ainda não loiro.
Somos as flores mimosas
Do jardim no areal
Só tu nos guardas viçosas
Do leste sopro do mal.
À frente o mar buliçoso
sempre de lá a acenar
Lá longe, ao largo é forçoso
Querer orar, trabalhar.
Bem perto além o deserto
mensagem nova lição
Vive em paz quem é discreto,
Guarda a língua e o coração.
Aprendi nos bancos teus
A lição que vou guardar
A Família, a Pátria e a Deus
Ama com amor sem par.
Quando te deixar um dia
Hei-de guardar em meu peito
Esta eterna melodia
De gratidão e respeito!
...................
Fonte: Blogue "Gente do meu Tempo" - post de 27Abr2008
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Piparotes satíricos no 25 d' Abril
PRIMEIRO PIPAROTE — MOVIMENTO DAS FARSAS (AL)ARMADAS
25 d`Abril. Peca data
em que só desertores agem,
renegados, e uma data
d`acéfalos cheios de lata,
de cobardes sem contagem…
A traição brota em cascata.
—Vá de fartar, vilanagem!...
Andam vendilhões à cata
de não sei bem que homenagem
à pilhagem…
E a Nação em peso acata
a heroicidade barata
que sem cessar se desata
d'um capitão-democrata,
e a tiritar de coragem!...
Em tom de viva bravata,
Soa um grito formidando:
— «Ó Capitão-democrata,
Vai p'ró mato, meu malandro!...»
(Ai, como dói, como dói
Ver tanto filho-da-puta
A apregoar que é herói
Todo aquele que foge à luta...)
Vai chuchando caramelos.
Por trás dele, em lugar d'honra,
Dois retratos paralelos:
— O do Cristovão de Moura
E o do Miguel Vasconcelos.
(Melhor nos fôra, melhor,
Que ao democrata-major
O bom-bom fosse indigesto.
— Talvez, então, o major
Desse o corpo-ao-manifesto...)
Mas, degustado o primeiro
Chupa-chupa,
Já o chalupa do major é brigadeiro,
E upa! Upa!
Promoções em espiral
Ascensional:
— À garupa, os galões
De general!
E DOIS DEDOS EM GALHO
Por mais gozo,
Contrafeito,
Que me dê,
Ver-te, assim,
De cravo piroso
Ao peito,
E com os dedos em V,
— Nada iludirá o alarme
Que me pôs de sentinela,
Para o caso de tentares vir profanar-me
A lapela...
Como nós para os empregos
Da lei!
(Mas nesta terra
De cegos,
Quem tem monóculo é rei...)
Há mil e tantos dias, simplesmente,
Que este sistema nos governa, e vêde
Comércio, indústria, tudo florescente!
Os caminhos-de-ferro é uma rede.
E quanto a instrução, toda esta gente
Faz riscos de carvão numa parede.
Fonte: Blogue Nonas - post de 25Abr2008
25 de Abril de 1974
Duzentos capitães! Não os das caravelas
Não os heróis das descobertas e conquistas,
A Cruz de Cristo erguida sobre as velas
Como um altar
Que os nossos marinheiros levavam pelo mar
À terra inteira! (Ó esfera armilar, que fazes hoje tu nessa bandeira?)
Ó marujos do sonho e da aventura,
Ó soldados da nossa antiga glória,
Por vós o Tejo chora,
Por vós põe luto a nossa História!
Duzentos capitães! Não os de outrora…
Duzentos capitães destes de agora (pobres inconscientes)
Levando hílares, ufanos e contentes
A Pátria à sepultura,
Sem sequer se mostrarem compungidos
Como é o dever dos soldados vencidos.
Soldados que sem serem batidos
Abandonaram terras, armas e bandeiras,
Populações inteiras
Pretos, brancos, mestiços (milagre português da nossa raça)
Ao extermínio feroz da populaça.
Ó capitães traidores dum grande ideal
Que tendo herdado um Portugal
Longínquo e ilimitado como o mar
Cuja bandeira, a tremular,
Assinalava o infinito português
Sob a imensidade do céu,
Legais a vossos filhos um Portugal pigmeu,
Um Portugal em miniatura,
Um Portugal de escravos
Enterrado num caixão d’apodrecidos cravos!
Ó tristes capitães ufanos da derrota,
Ó herdeiros anões de Aljubarrota,
Para vossa vergonha e maldição
Vossos filhos mais tarde ocultarão
Os vossos apelidos d’ignomínia…
Ó bastardos duma raça de heróis,
Para vossa punição
Vossos filhos morrerão
Espanhóis!
Redigido para o 10Junho de 1975
Fonte: Blogue "Os Vencidos da Vida" - post de 25Abr2008
quinta-feira, 24 de abril de 2008
AMORES
Tengo los ojos enfermos,
deslumbrados, de mirarte
día tras día en la mesa,
donde viniste a sentarte,
frente a mi inocencia blanca
de niño con cuerpo grande.
Tengo la boca reseca
y los labios anhelantes
de juntarse con los tuyos,
que enseñan cuando los abres,
esa lengua pequeñita
en su cárcel de corales.
Tengo el sentido perdido
por el ansia de estrecharte
fuerte, fuerte, entre mis brazos
que alguna vez tú tocaste,
entre risas, distraída,
sin saber que en mí dejaste
temblores de pasión y fuego
en la esperanza de amarte.
Tengo febril como el sol
mi cuerpo que busca el tuyo,
tal como el buey busca el yugo
que esclaviza y da pavor,
tu cuerpo, vida y calor,
que no será mío, amor.
Fonte: blogue "Poemas del Alma" - post de 23Abr2008
quarta-feira, 23 de abril de 2008
O Santo
Não é Deus
E, entretanto,
Não é Homem...
Não é Deus,
Pois nasceu
Como nasce
O Homem
Natural:
- Sem véu
Providencial
E protector,
Longe dos Céus,
Face a face
Com a peste
Moral
E com a dor...
Não é Homem
Também,
Que as angústias
Incessantes,
O desencanto
Enganador,
A saudade
E, sobretudo,
O desamor
Da Humanidade,
Que em
Tão
Rudo
Quebranto
No coração
Do Homem
Transparece
E se contêm,
Como aos seus
Semelhantes
Não o consomem...
Não os conhece
Nem
Os tem...
Enquanto
Vive,
No declive
Desta descida
Sua subida
E desprendida
Vida
Exemplar,
Vive
Da prece
E para a prece;
No encanto
E para o encanto
De rezar...
Cria
Assim,
Dia a dia,
Num contínuo
Improviso,
- Em que a Alma, cega
Pela Luz que entrevê,
Renuncia,
E se entrega,
E se extasia,
Longe da humana
E profana
Refrega,
Do Pecado
Que cresce
Em tétrica
Maré
Cria
Assim
E constrói
Deslumbrado,
Supremo herói
Da Fé,
Num sorriso
De g1ória santa,
O seu destino
Divino;
O seu próprio
Paraíso
Sem
Fim...
Como quem
Planta
E rega
Um místico
Jardim.
Ambiente
Transcendente
De infinita
E bendita
Felicidade
Interior,
Onde, no anseio
Redentor
De que anda cheio,
Palpita
Enternecidamente
O amor
De toda a gente;
E, acima
Do amor
Do próximo,
Que o sublima
Entre os crentes
Ardentes
E os míseros
Ateus,
Bem superior
A todo o amor,
O Amor de Deus!
Eis o Santo:
- Num facho espiritual
De beatitudes,
À g1ória
Incorpórea
Se junta
A graça infinda,
Virtude entre
Virtudes,
Em que há
Tanto
De humano
Reconforto
Como de sobrenatural
Amanhecer. . .
Sente,
Pensa,
Vive ainda
Nessa claridade
Imensa,
Mas já
Fora
Do seu ser...
Vive em sonho
Todo o ano,
Sonho risonho
Pela ternura
Que a Alma invade,
Alegre e pura;
Mas está,
Entretanto
Na crença
Que liberta
Do prazer,
Sempre
Morto
Por morrer...
Agora
Certa
Pergunta
Se faz mister:
SÃO JOÃO DE DEUS
Não
Quis
Ser
Santo,
Foi-o:
Trouxe
A Alma
A esvoaçar,
Sem
Lar
Nem
Pátria,
Doce,
Calma,
Feliz...
No dever
De apartar
O trigo
E o joio;
De só viver
«Será
Santo
Quem quer?»
Por bem,
Para abrigo,
Amparo
E apoio
Dos
Que não
Têm,
Seu
Claro
E puro
Espírito
Sempre em
Graça,
Luz
Acesa
Num escuro
De breu,
Muito além
Desta
Matéria,
Baça
E molesta,
Resplandeceu
Mendigo,
Bom
Amigo
Da pobreza,
Casou-se
Com
A miséria:
Nessa
Mística,
Etérea
Boda,
Mal
Começa
A promessa
Nupcial,
Qual
Se fosse
Coluna
Em
Fogo
Da Fortuna,
Que a Fé
Ergueu;
E como
Quem
- Num assomo,
Num hino -–
Ao esplendor
Do Amor
Divino
Descerra
o véu...
Logo
Espalha
Sozinho,
Espalha...
Espalha...
Mão
Que não
Falha,
Té
À última
Migalha,
Pelo caminho
Da Terra,
Toda
A riqueza
Do céu!
[S. João de Deus na Poesia Portuguesa]
sábado, 19 de abril de 2008
As duas faces da verdade
a outra face da verdade
é só
o outro lado da história
é apenas
outra maneira de sentir
é só
o reverso da medalha
o outro ângulo
outra maneira de ver
e põe em causa
a minha razão
mas terei nunca
vergonha
desta farda que me cobre
quero sim é entender
a outra face da verdade.
Mampatá 1974
Fonte: Blogue "Luis Graça & Camaradas da Guiné" - post de 19Abr2008
Naquela picada havia a morte
Naquela picada havia a morte
havia a morte naquela picada
de vinte e quatro
foi tirada a sorte
para um foi a desgraça
o diabo o escolheu
ou foi Deus que o esqueceu
havia a morte naquele caminho
naquela picada havia a morte.
Estrada de Nhacobá, 1973
Blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné" - post de 14Abr2008
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Transcendentalismo
Já sossega, depois de tanta luta,
Já me descansa em paz o coração.
Cai na conta, enfim, de quanto é vão
O bem que ao Mundo e à Sorte se disputa.
Penetrando, com fronte não enxuta,
No sacrário do templo da Ilusão,
Só encontrei, com dor e confusão,
Trevas e pó, uma matéria bruta...
Não é no vasto mundo – por imenso
Que ele pareça à nossa mocidade –
Que a alma sacia o seu desejo intenso...
Na esfera do invisível, do intangível,
Sobre desertos, vácuo, soledade,
Voa e paira o espírito impassível!
Sonetos Completos
Fonte: Blogue "Nova Águia" - Post de 18Abr2008
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Nosso Portugal quirido - (em dialecto macaense)
Nôs-sua Pátria, assi grándi Naçám,
Semente d'árvre di nôs-sua existéncia,
Razám di nôs ta vivo co cocéncia,
Na Mundo, na meo di tudo naçám.
Vôs, Portugal, vôs sã tudo razám,
Na nôs-sua pensaménto acunga Mundo,
Di nôs-sua alma amor quelê profundo,
Tudo ancuza di nôs co devoçám.
Tánto príncipe, rê, navegador,
Herói, sánto, qui tánto fazê história!
Co talénto cantá vôs-sua glória,
Vôs-sua gente-sa obra co fervor,
Poeta capaz co um-cento di letrado,
Pramor di vôs-sua nómi abençoado.
*
Nom-mestê reva, vôs, nôs-sua quirido,
Olá nôs co mám fraco, 'zajetado,
Astrevê vêm co péna esbranquiçado
Pa fazê vôs-sua nómi más erguido.
Qui astreviménto más sã pódi têm,
Quim, co unga humilde papiaçám,
Vêm falá di vôs pa mundozarám,
Vôs qui na Mundo sã grándi tamêm.
Astreviménto sã têm su razám:
Tera únde nôs-sua língu já nacê
Chomá português sã sempri querê.
Qui-foi tamêm? Na nôs-sua coraçám,
Vôs, masqui vivo lóngi, têm na perto,
Nôs-sua amor pa vôs sã di más certo!
.
De José dos Santos Ferreira, "ADÉ", in CAMÕES GRÁNDI NA NAÇÁM, - Dialecto Macaense - , Edição da Fundação Á-Má-Kok, Instituição de Utilidade Pública, Macau
Fonte: Blogue "Portas do Cerco - post de 16Abr2008
quarta-feira, 16 de abril de 2008
REQUIEM NOS CAIS DE LISBOA
Desde Belém ao Beato,
Descarregados de botes,
Empilham-se ao desbarato
Muitos milhares de caixotes.
Numa larga, extensa linha,
Ocupam lados e centro
Do cais; mas não se adivinha
O que contêm lá dentro.
— O que será? — perguntei
A dois ou três empregados.
Respondeu um: — P`lo que sei,
É tudo dos retornados.
Exclamei: - Senhor! Senhor!
(E comecei aos pinotes)
Tanta coisa de valor
Metida à força em caixotes!
Onde estão, que descaminho
Levaram (sabe-se lá!)
As estátuas de Mouzinho
E de Correia de Sá?
Quantas camas, quanto berço
Transformado num caixão?
E não há quem reze o terço,
Quem murmure uma oração?...
Desceu a noite. No escuro,
Perguntei, sem ver mais nada:
— E qual será o futuro
Dessa gente atraiçoada?...
Sem consultar um oráculo,
Eu contemplei, indignado,
O pavoroso espectáculo
Dum império encaixotado.
Fonte: Blogue Nonas - post de 16Abr2008 (In «Resistência», n.º 128, 15.06.1976, pág. 6.)
domingo, 13 de abril de 2008
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Soneto da Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Contratados
«Longa fila de carregadores
domina a estrada
com os passos rápidos
Sobre o dorso
levam pesadas cargas
Vão
olhares longínquos
corações medrosos
braços fortes
sorrisos profundos como águas profundas
Largos meses os separam dos seus
e vão cheios de saudades
e de receio
mas cantam
Fatigados
esgotados de trabalhos
mas cantam
Cheios de injustiças
calados no imo das suas almas
e cantam
Com gritos de protesto
mergulhados nas lágrimas do coração
e cantam
Lá vão
perdem-se na distância
na distância se perdem os seus cantos tristes
Ah!
eles cantam...»
Fonte: Blogue "Da Literatura" - post de 10Abr2008
segunda-feira, 7 de abril de 2008
A sombra sou eu
A minha sombra sou eu,
ela não me segue,
eu estou na minha sombra
e não vou em mim.
Sombra de mim que recebo a luz,
sombra atrelada ao que eu nasci,
distância imutável de minha sombra a mim,
toco-me e não me atinjo,
só sei do que seria
se de minha sombra chegasse a mim.
Passa-se tudo em seguir-me
e finjo que sou eu que sigo,
finjo que sou eu que vou
e não que me persigo.
Faço por confundir a minha sombra comigo:
estou sempre às portas da vida,
sempre lá, sempre às portas de mim!
sábado, 5 de abril de 2008
À guerra, à guerra, mourinhos!
- À guerra, à guerra, mourinhos!
Uns vão pelo mar abaixo
Outros pela terra acima.
- Venha uma cristã cativa
Que é para a nossa rainha.
Uns vão pelo mar abaixo,
Outros pela terra acima.
Os que foram mar abaixo
Não encontraram cativa;
Tiveram melhor fortuna
Os que foram terra acima:
Deram com o conde Flores
Que vinha da romaria
Vinha lá de Santiago,
Santiago da Galiza
Mataram o conde Flores,
A condessa foi cativa
A rainha mal que o soube,
Ao caminho lhe saía:
-Em boa hora venha a escrava,
Boa seja a sua vinda!
Aqui lhe entrego estas chaves
Da despensa e da cozinha,
Que me não fio de mouras
Não me dêem feitiçaria.
-Aceito suas chaves, senhora
Por grande desdita minha...
Ontem condessa jurada,
Hoje moça de cozinha
Duas irmãs que nós éramos.
Ambas de mouros cativas!
-Dize-me tu, minha escrava.
Tua irmã que nome tinha?
-Chamava-se Branca Rosa
Branca Flor de Alexandria
Foi cativada de mouros
Dia de Páscoa Florida
Andava apanhando rosas
Num rosal que meu pai tinha
-Ai triste de mim, coitada
Ai triste de mim, mofina
Mandei buscar uma escrava,
E trazem-me uma irmã minha!
Deram beijos e abraços,
E uma à outra dizia:
Quem se vira em Portugal
Terra que Deus bendizia!
Juntaram muita riqueza
De ouro e pedraria;
Uma noite abençoada
Fugiram da Mouraria
Foram ter à sua terra
Terra de Santa Maria
Meteram-se num mosteiro,
Ambas professaram num dia.
Livro de Leitura da 3ª Classe
Fonte: Blogue Estado Sentido - post de Cristina Ribeiro de 05Abr2008.
A vida não é um jogo
A vida não é um jogo
onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade.
Se a meta está alta demais, reduza-a.
Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo.
Faça o que for necessário para ser feliz.
Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples,
você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.
Ela transmite paz e não sentimentos fortes,
que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração.
Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.
Língua Pátria de Muitas Pátrias
Silêncio, novos velhos do Restelo:
Aves canoras, fúteis e agoirentas,
Licenciadas bichas e proxenetas,
Juízes, “psis” e filólogos de grelo.
Intelectos estáticos ou babuínos,
Provedores do cotão umbilical.
Ignorantes que o idioma se quer tal
Qual fibrosa frescura de citrinos.
É tempo de traçar novos destinos.
Fazer que o imenso mar profundo,
Todos nos una sob a mesma bandeira:
A Língua; é de todos os caminhos,
O único que afirmará no Mundo,
A pátria luso-afro-brasileira.
sexta-feira, 4 de abril de 2008
"Il Caffè di Roma"
Lembras-te?
Do Il Caffè di Roma
Daquele banco corrido
De ripas de verde debutado
Daquela mesa quadrada
Daquelas cadeiras aconchegadas
Do açúcar em pacote de tubo verde
Daqueles quadros verdes
Que contam a história da bebida quente
Com quatro séculos de hábitos
Lembras-te?
Daquelas paredes grená e verde
Cores da camisa que envergo
E da bandeira que venero
Tudo isto lembra a Itália das artes
Da arqueologia, do Império…
Ali estão os sons dos meus hinos
A geometria da minha cruz
Lembras-te?
Como me senti adormecido
Imaginando que a minha Pátria
Ainda é Império
E que eu
Ainda vibro
Com as botas cardadas
Com a boina de comando
Com uns seios apertados
Com umas pernas torneadas
Com um amor verdadeiro
Lembras-te?
Carnaxide, 3 de Abril de 2008
quinta-feira, 3 de abril de 2008
La busca
Al término de tres generaciones
vuelvo a los campos de los Acevedo,
que fueron mis mayores. Vagamente
los he buscado en esta vieja casa
blanca y rectangular, en la frescura
de sus dos galerías, en la sombra
creciente que proyectan los pilares,
en el intemporal grito del pájaro,
en la lluvia que abruma la azotea,
en el crepúsculo de los espejos,
en un reflejo, un eco, que fue suyo
y que ahora es mío, sin que yo lo sepa.
He mirado los hierros de la reja
que detuvo las lanzas del desierto,
la palmera partida por el rayo,
los negros toros de Aberdeen, la tarde,
las casuarinas que ellos nunca vieron.
Aquí fueron la espada y el peligro,
las duras proscripciones, las patriadas;
firmes en el caballo, aquí rigieron
la sin principio y la sin fin llanura
los estancieros de las largas leguas.
Pedro Pascual, Miguel, Judas Tadeo...
Quién me dirá si misteriosamente,
bajo este techo de una sola noche,
más allá de los años y del polvo,
más allá del cristal de la memoria,
no nos hemos unido y confundido,
yo en el sueño, pero ellos en la muerte.
O Menino de Sua Mãe
Que a morna brisa aquece
De balas trespassado
Duas, de lado a lado,
Jaz morto e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com o olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome, e o mantivera:
O menino de sua mãe.
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve
Dera-lhe a mãe. Está inteira
É boa a cigarreira
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo
A brancura embainhada
De um lenço...deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa há a prece:
Que volte cedo, e bem
(Malhas que o império tece)
Jaz morto e arrefece
O Menino de Sua Mãe
Fonte: Blogue "Estado Sentido" - post de 02Abr2008
terça-feira, 1 de abril de 2008
Sentires Sentidos - actividade no período de 01 a 31 de Março de 2008
Fonte: Google Analityc
Nota Pessoal
Ordem descrescente de visitantes:
1. Portugal
2. Brasil
3. Estados Unidos da América
Rui Moio