sábado, 18 de março de 2017

Campo de merendas

Sonhei silvos de cigarras
E cantares de passarinhos
E mesas com bancos de madeira tosca
Em sala de jantar do campo
Sombreada e boa

Fogão a carvão
cozinha de antigamente
Neste lugar distante
Tudo é novo
Há desconhecido
e há diferente

Alguém prepara o petisco
Outro põe a mesa
Em talheres de ocasião
Uns e outros vivem o lugar
em permanente comunhão

Rede de índio
Esticada ao alto
Em soneca balouçante
devagar se escoa o tempo

No calor da tarde
Música de grilos
Acompanha o batuque das verdes folhas
em acordes batidos pelo vento

Anoitece
Mais tarde a Lua nasce a leste
Brilham as estrelas
e bem ao alto
vai passando o carrocel celeste

Ao serão
Canta o ruído da bicharada
E o murmurar da fonte próxima
e há temor
e cresce a adrenalina

Por um dia
Este é o meu quarto
Com paredes de vento
Soalho de folhas secas
Telhado verde de folhagem vária

Sem sobressalto desfruto
neste templo da natura
um concerto de emoções e música
de toda uma noite

Gozo um diálogo incessante
de eu para outros "eus"
que nascem dentro de mim
e que sinto que também são meus


Rui Moio
"22Ago2007 - Pensado ontem e redigido à tardinha no centro comercial Twin Towers"

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