sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um Poema de Olhares

I
Tenho papel, tenho caneta
Mas não me apetece escrever
e… preciso, preciso tanto
Fazer um poema
Um poema sem escrever.

Para quê papel?
Para quê caneta?
O papel tem que se guardar
Por vezes, esconder
Tem-se medo de o perder
Ah, cria nervos!...
E a caneta?
Pesa, incomoda!
Para quê tanta preocupação?

II
É mais prático
E duradoiro
Fazer-se um poema sem palavras
Um poema de olhares
De um olhar longo e dengoso
Ou de olhares pequeninos e furtivos.
Silenciosos…
Tímidos e envergonhados.

Uff, que bom!...
Não há papel, não há caneta, não há palavras
Apenas silêncios e olhares!...

Que me leiam
O poema que escrevo
Pelos olhares que faço.

E em troca do meu fazer
Eu quero
Que leiam o que escrevo
Com os olhares que me fazem
Também eles longos e dengosos
Pequeninos e furtivos.
Silenciosos…
Tímidos e envergonhados.

Rui Moio, elaborado a 19Nov09, pelas 12h00, no Sabores do Parque, no Hospital Júlio de Matos, Lisboa

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