Na sanzala abandonada
Já não moram gargalhadas
E há silêncio no lugar
Das antigas batucadas
A tristeza está sozinha
Na sanzala abandonada.
E lá vão grupos imensos
De inocentes desterrados
Levam quindas á cabeça
E candengues assustados.
Nada sabem do futuro
Que lhes foge tão depressa
E o passado ficou todo
Na sanzala abandonada.
Na sanzala abandonada
O capim cresceu à toa
Já tomou conta das lavras
Ficou dono das cubatas
Com ele se apaga o nome
Da sanzala abandonada.
Os que fogem escorraçados
Sem qualquer explicação
Ao perderem a identidade
Já nem sabem o que são.
Famintos e moribundos
Que entre medos se consomem
Mostram aos olhos do mundo
O que o homem faz ao homem.
Fonte: Fonte: Livro “Entre Duas Margens” de Rui Manuel (Cuca), SeteCaminhos, 2004, Págs. 26/27
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