O meu corpo é feito um rio
E distintas são as margens
Que me demarcam o leito.
Na margem africana
Repousam as minhas raízes
E das gavetas da memória
Vão fugindo rostos e nomes
Que me ajudaram
A construir o passado.
Na margem europeia
Fica-me um tempo mais recente
Ao qual lancei gavinhas
Na procura de renascer
Para uma outra vivência.
Afluentes diversos
Me alimentam o caudal
Numa policromia de amizades
Num casamento de culturas.
Numa margem sou o Cuca
E na outra o Rui Manuel
Mas é na mistura das águas
Que me assumo por inteiro.
Transporto o som de batuques
E o trinado de guitarras.
Assim me deixo correr
Até á foz deste livro.
Fonte: Livro “Entre Duas Margens” de Rui Manuel (Cuca), SeteCaminhos, 2004, Págs. 7/8
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