sexta-feira, 15 de maio de 2009

Entre Duas Margens

O meu corpo é feito um rio
E distintas são as margens
Que me demarcam o leito.

Na margem africana
Repousam as minhas raízes
E das gavetas da memória
Vão fugindo rostos e nomes
Que me ajudaram
A construir o passado.

Na margem europeia
Fica-me um tempo mais recente
Ao qual lancei gavinhas
Na procura de renascer
Para uma outra vivência.

Afluentes diversos
Me alimentam o caudal
Numa policromia de amizades
Num casamento de culturas.

Numa margem sou o Cuca
E na outra o Rui Manuel
Mas é na mistura das águas
Que me assumo por inteiro.

Transporto o som de batuques
E o trinado de guitarras.

Assim me deixo correr
Até á foz deste livro.

Fonte: Livro “Entre Duas Margens” de Rui Manuel (Cuca), SeteCaminhos, 2004, Págs. 7/8

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