I
Falo, agora, de Lady Anabela,
Lady Aiva, primeira do harém,
Que tem o Vice-Rei sob tutela,
Que ao pé do Vice-Rei parece bem!
Casal que, pelo reino, sempre vela,
Apesar do seu paço em Santarém!
Que a Parca os olvide muitos anos,
Que não nos traga, já, mais desenganos!
II
O Nosso Vice-Rei tem D. Olavo
P’ra seu braço direito e com razão!
Faz deste um seu amigo, não um escravo
E seu representante sempre à mão;
Mesmo nas horas de maior agravo
O Godinho lhe dá satisfação!
Agora, falarei seguidamente
De outros, por motivo bem diferente!
III
O Zito é o cantor e violeiro,
Já que não se fabrica o alaúde!
D. Patalim – o Bispo a “copo” inteiro, –
Quando a beber nos reza p’la saúde!
O Pipo, especialista em cancioneiro,
Que não renova e trata como grude;
O Rui que há de meter sempre o bedelho
Convencido que é gente, não Coelho!
IV
Da velha-guarda há vários vivos inda:
A Zélia mais o Mário, eternos azes,
Não desprezando a fama sempre infinda
De serem os melhores entre os capazes;
O Corte e o Oswaldo na berlinda,
A Alda, que era alta entre os rapazes,
O César Paulo que calcou a lira,
O Jorge e o Ferronha, malta gira;
V
O Bentudo, careca e narigudo,
Mário Andrade e o Boi-Ápis preguiçoso;
O Zé Ninguém que negoceia em tudo
Desde que ache o negócio proveitoso;
O Rui Seca, a sorrir, nada sisudo,
Contador de aventuras que dão gozo,
O Cláudio, o Verânio mais o Pratt!
A memória já falta e mais não dá!
VI
Garotas adoráveis do meu tempo
Sois hoje, mães, avós, mas sogras não,
Que a bondade do vosso temperamento
Não permite tão negra aberração!
Sei qu’inda soltais mais do que um lamento
- Que faz doer bem fundo o coração –
A recordar o beijo que se deu
Com o vosso namorado do Liceu!
VII
Outras gerações se sucederam
Que deram a Maconge brilho eterno,
Páginas saudosas se escreveram,
Sempre prenhes de espírito fraterno!
Sabem todos quem são e conheceram
Já do tempo de antanho ao hodierno:
O Pilhas, o Amaral, o Marques Pinto,
O Inês, aveirense – sou sucinto! -,
VIII
Não podemos esquecer o Ananaz
Que com a sua Mali, lá em Leiria,
Mostra à saciedade, que é capaz
De organizar, da noite para o dia,
Uma farra que a todos satisfaz,
Cheia de cor, de graça e alegria!
Mas outros há, de idêntico valor,
Pois Maconge de génios conta um ror!
IX
Torres Vedras – o Sérgio, diligente,
Não dorme, sempre pronto a trabalhar!
E dentre tanta, tanta, tanta gente,
Outro nome é forçoso recordar!
Seria uma injustiça, era indecente
Que aqui me esquecesse de indicar:
O Vinhas, residente no Seixal;
Nas festas que organiza é bestial!
X
São alguns dos exemplos a apontar!
Peço perdão pois inda há muitos mais
Que gostaria aqui de mencionar,
- Não cabiam seus nomes nos Anais –
Razão porque tive de encurtar
O rol de outros tantos, tão leais!
Não podia deixar – ficava mal –
De falar de Maconge em Portugal!
XI
A chama continua sempre acesa,
O facho continua a rebrilhar!
A malta está unida e bem coesa,
“Per sécula” se assim continuar!
Com vontade, com fé, sem tibieza
Para sempre os seus laços reforçar!
São prova, duma forma bem cabal,
Leiria, a Parede e o Seixal!
XII
Apraz-me registar, com muito apreço,
Nas nossas reuniões, nossos repastos,
A presença de Mestres que conheço,
Alguns de anos cansados e já gastos,
- Que são da vida o seu eterno preço –;
A Cerveira, Simões e outros, fastos,
A Céu e o Higino sempre afoito
Sem esquecer o Coutinho – o Binte e Oito – !
XIII
Não só à comezaina se limita
Nossa Camaradagem e Amizade!
A sêde de entre-ajuda é infinita,
Como infinita é nossa saudade!
O macongino sabe e acredita:
- Não é pura ilusão mas, sim, verdade –
Se precisar, todos lhe dão a mão!
E conta em cada peito um coração!
XIV
Também somos felizes co’a certeza
Que a saga de Maconge se propaga!
Exuste sempre a taça em nossa mesa
Onde bebe o estudante. A sua paga
Limita-se à promessa, com firmeza,
De outros trazer, numa crescente vaga,
Transmitindo, aos vindouros, o destino
Do que há de bom no berço macongino!
XV
Há um marco a referir neste reinado,
Que se deve exaltar, enaltecer:
Viagem a Macau, tão afastado,
Que fomos abraçar e conhecer!
O Vice-Rei mostrou o seu arado,
P’la forma como sabem receber:
Com carinho, com pompa e circunstância,
De nostalgia eivados p’la distância!
XVI
Prestou-nos homenagem o Senado
- Leal Senado um nome conhecido –!
Tal gesto de lhaneza há calado
No nosso coração agradecido!
Visitas, culminando, dia entrado,
Com um lauto jantar e bem servido!
Sem querer ninguém ferir com desprimor,
P’ra o Victor, sua Esposa, o nosso Amor!
XVII
Há tanto que dizer, mas para quê
Se o silêncio também tem sua voz?
P’r’além do que se escreve e que se lê
Vale mais o que escondemos dentro em nós,
Ou algo em que se pensa, em que se crê!
Recordai vossos Pais, vossos Avós,
A vossa infância, a Terra lá ao longe!
Fazê-lo é reviver sempre MACONGE!
Falo, agora, de Lady Anabela,
Lady Aiva, primeira do harém,
Que tem o Vice-Rei sob tutela,
Que ao pé do Vice-Rei parece bem!
Casal que, pelo reino, sempre vela,
Apesar do seu paço em Santarém!
Que a Parca os olvide muitos anos,
Que não nos traga, já, mais desenganos!
II
O Nosso Vice-Rei tem D. Olavo
P’ra seu braço direito e com razão!
Faz deste um seu amigo, não um escravo
E seu representante sempre à mão;
Mesmo nas horas de maior agravo
O Godinho lhe dá satisfação!
Agora, falarei seguidamente
De outros, por motivo bem diferente!
III
O Zito é o cantor e violeiro,
Já que não se fabrica o alaúde!
D. Patalim – o Bispo a “copo” inteiro, –
Quando a beber nos reza p’la saúde!
O Pipo, especialista em cancioneiro,
Que não renova e trata como grude;
O Rui que há de meter sempre o bedelho
Convencido que é gente, não Coelho!
IV
Da velha-guarda há vários vivos inda:
A Zélia mais o Mário, eternos azes,
Não desprezando a fama sempre infinda
De serem os melhores entre os capazes;
O Corte e o Oswaldo na berlinda,
A Alda, que era alta entre os rapazes,
O César Paulo que calcou a lira,
O Jorge e o Ferronha, malta gira;
V
O Bentudo, careca e narigudo,
Mário Andrade e o Boi-Ápis preguiçoso;
O Zé Ninguém que negoceia em tudo
Desde que ache o negócio proveitoso;
O Rui Seca, a sorrir, nada sisudo,
Contador de aventuras que dão gozo,
O Cláudio, o Verânio mais o Pratt!
A memória já falta e mais não dá!
VI
Garotas adoráveis do meu tempo
Sois hoje, mães, avós, mas sogras não,
Que a bondade do vosso temperamento
Não permite tão negra aberração!
Sei qu’inda soltais mais do que um lamento
- Que faz doer bem fundo o coração –
A recordar o beijo que se deu
Com o vosso namorado do Liceu!
VII
Outras gerações se sucederam
Que deram a Maconge brilho eterno,
Páginas saudosas se escreveram,
Sempre prenhes de espírito fraterno!
Sabem todos quem são e conheceram
Já do tempo de antanho ao hodierno:
O Pilhas, o Amaral, o Marques Pinto,
O Inês, aveirense – sou sucinto! -,
VIII
Não podemos esquecer o Ananaz
Que com a sua Mali, lá em Leiria,
Mostra à saciedade, que é capaz
De organizar, da noite para o dia,
Uma farra que a todos satisfaz,
Cheia de cor, de graça e alegria!
Mas outros há, de idêntico valor,
Pois Maconge de génios conta um ror!
IX
Torres Vedras – o Sérgio, diligente,
Não dorme, sempre pronto a trabalhar!
E dentre tanta, tanta, tanta gente,
Outro nome é forçoso recordar!
Seria uma injustiça, era indecente
Que aqui me esquecesse de indicar:
O Vinhas, residente no Seixal;
Nas festas que organiza é bestial!
X
São alguns dos exemplos a apontar!
Peço perdão pois inda há muitos mais
Que gostaria aqui de mencionar,
- Não cabiam seus nomes nos Anais –
Razão porque tive de encurtar
O rol de outros tantos, tão leais!
Não podia deixar – ficava mal –
De falar de Maconge em Portugal!
XI
A chama continua sempre acesa,
O facho continua a rebrilhar!
A malta está unida e bem coesa,
“Per sécula” se assim continuar!
Com vontade, com fé, sem tibieza
Para sempre os seus laços reforçar!
São prova, duma forma bem cabal,
Leiria, a Parede e o Seixal!
XII
Apraz-me registar, com muito apreço,
Nas nossas reuniões, nossos repastos,
A presença de Mestres que conheço,
Alguns de anos cansados e já gastos,
- Que são da vida o seu eterno preço –;
A Cerveira, Simões e outros, fastos,
A Céu e o Higino sempre afoito
Sem esquecer o Coutinho – o Binte e Oito – !
XIII
Não só à comezaina se limita
Nossa Camaradagem e Amizade!
A sêde de entre-ajuda é infinita,
Como infinita é nossa saudade!
O macongino sabe e acredita:
- Não é pura ilusão mas, sim, verdade –
Se precisar, todos lhe dão a mão!
E conta em cada peito um coração!
XIV
Também somos felizes co’a certeza
Que a saga de Maconge se propaga!
Exuste sempre a taça em nossa mesa
Onde bebe o estudante. A sua paga
Limita-se à promessa, com firmeza,
De outros trazer, numa crescente vaga,
Transmitindo, aos vindouros, o destino
Do que há de bom no berço macongino!
XV
Há um marco a referir neste reinado,
Que se deve exaltar, enaltecer:
Viagem a Macau, tão afastado,
Que fomos abraçar e conhecer!
O Vice-Rei mostrou o seu arado,
P’la forma como sabem receber:
Com carinho, com pompa e circunstância,
De nostalgia eivados p’la distância!
XVI
Prestou-nos homenagem o Senado
- Leal Senado um nome conhecido –!
Tal gesto de lhaneza há calado
No nosso coração agradecido!
Visitas, culminando, dia entrado,
Com um lauto jantar e bem servido!
Sem querer ninguém ferir com desprimor,
P’ra o Victor, sua Esposa, o nosso Amor!
XVII
Há tanto que dizer, mas para quê
Se o silêncio também tem sua voz?
P’r’além do que se escreve e que se lê
Vale mais o que escondemos dentro em nós,
Ou algo em que se pensa, em que se crê!
Recordai vossos Pais, vossos Avós,
A vossa infância, a Terra lá ao longe!
Fazê-lo é reviver sempre MACONGE!
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