sábado, 14 de junho de 2008

Lagoa de Cápua

No silêncio do sertão
No seguro da mutala
Sobre a mulemba mais alta
Escuto a solidão

Não passam carros na picada
Oiço as melodias
Os muitos roncos do leão
As passadas do nunce, do songue,
da Gunga, da cobra e do camaleão
Com binóculos vasculho
A Lagoa de Cápua
Onde nas margens se espraiam
Horrendos dinossauros
Na preguiça e na espera
Dum doente, dum fraco, dum velho...

No alto da mutala
Só há mato e eu
Observo e escuto
O silêncio tenebroso do sertão
Aqui não sou doente, nem fraco, nem velho

A coberto do mato
Protejo-me dos males do sertão
Estou bem
Não estou a mais
Na Lagoa de Cápua

Naqueles dias
E naquelas noites
No alto da mutala
Fui quase Deus.

Rui Moio, 06Jan2008

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