Heródoto contava a história,
mas nós contamos memória
entre os pontos e os is
daquilo que Deus nos quis.
É o que vale. Senão
amortecia no chão
o diadema do dia
(o que bem apetecia).
Por isso nos ocupamos
em tiritar pelos anos
o frio que vem das horas
no degelo das demoras.
Oh, que tragada perdida
esta de nós pela vida,
mesmo apesar de polícias
e Diário de Notícias.
Senhorio, mas de partes,
artistas, de malas-artes
e capados; nossa sina
parou no Alto de Pina.
Isto é que se nos dá,
e andamos ao deus-dará
por muito que não queiramos.
Isto é: agradeçamos
E metamos por aí,
por entre o ponto e o i.
Nota: Este poema foi escrito e publicado em 1962, e dedicado a António Alçada Baptista.
Pedro Tamen, Poemas a isto, Moraes ed., Lisboa, 1962, p.189.
Fonte: Blogue "Caminhos da memória" - post de 30Jun2008
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Ao Tempo
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