Esta beleza agonizante do Cuanhama
espraiando-se até à linha do horizonte
como um tapete estafado
que se desfaz sob os nossos pés
fala-me de guerras passadas e de reinos
já dos homens olvidados…
Morrem como a terra as tradições
numa infinita tristeza
numa apática indiferença
que magoa como uma lembrança triste.
Secam as cacimbas, as talas, o capim
só não secam as lágrimas.
Só não morre em mim esta pungente
faculdade de sofrer junto com a terra.
É por isso que eu gosto de cá vir
e é por isso que me custa vir aqui
e ver alvejar a carcassa daquele boi
que morreu o ano passado!
E os paus caídos nos eumbos poeirentos
e os gongueiros sem folhas nem frutos
secos, secos como os braços dos mutiátis…
É por isso que me custa vir aqui!
Sofro e compreendo
O Cuanhama que busca em vão a esperança
que o sol inclemente lhe arrancou
da terra que lentamente se recusa
aos nossos passos.
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