terça-feira, 11 de agosto de 2009

Bairro Social do Arco do Cego

O Bairro Social do Arco do Cego
- histórico, por ser o primeiro feito
No antigo regime, de pedra, prego,
Pau, tijolo e telha - mostra e eito
Cruzamentos que são hoje um nó cego
Para quem conduz automóveis sem jeito;
Escolas, liceu, tomobo, cafés, mercado,
Estátuas e jardins – um deles murado,

Onde há: um padrão á moda antiga
Em honra da Batalha de Alvalade,
Em que a Boa-fé venceu a intriga
E o amor de mãe a rivalidade
Entre filho e pai, com fala amiga,
Em que se empenhou na realidade,
Tendo estes, à pátria já em construção,
Dado azo às leis e forais de então;

Doze estátuas equestres a celebrar
A glória desses vice-reis do passado
Que a Goa, Damão e Diu foram dar
Um cariz português, bem que ajustado
Ao viver indiano de modo ímpar,
E um anfiteatro, edificado
Em estilo heleno a céu aberto,
Com bancadas de pedra no sítio certo.

À época, foi bairro edificado
Em Alvalade, com muro a oeste,
Que, no correr do tempo, foi alterado
E à Praça de Londres abriu a leste.
A régua e esquadro, foi retraçado
O desenho das ruas a noroeste
A sudeste, do grande liceu do centro,
De moradias, com um pátio por dentro

E fachadas em renque, que, sem intento,
Tapam o sol e nuvens silenciosas
A passar, com um ritmo veloz ou lento,
No céu, como se fossem aves vistosas
A piar insistentemente nos ninhos,
Feitos de penugem, penas e raminhos,

E de prédios de duplo ou triplo pisos
Com cores e tons vários, alguns lilases,
Típicos ornamentos, beirais e frisos
Nas fachadas, geradas com mãos capazes
De homens que seguiram os bons avisos
De empreiteiros, mestres e capatazes
Atentos ás directrizes municipais,
Aos planos directores e a outros mais.

Ao entardecer ou ao romper do dia,
A luz do sol reflectida nas vidraças
Do Banco extasia e anuncia
A quem passa que bem pode render graças
À vida sempre breve e fugidia.
Qual ave em fugida ás ameaças
Que podem vir do céu ou de qualquer lado,
Sem ver que, num pequeno jardim relvado,
Os painéis à rainha Santa Isabel
Dão cor local à rua Stuart Carvalhais,
Em tons verdes, azuis, de cenoura e mel;
Lembra a sua obra pia aos mortais
Que aludem à boda e aos esponsais
Quando ainda era adolescente,
Tendo já o fulgor dos seus dons em mente.

Fonte: Revista – S. João de Deus – Informação – Junho 2009. Revista da Junta de Freguesia S. João de Deus - Lisboa

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