Veio trazido nos braços das miragens
de oiro sobre azul,
de oiro qu sol punha nas paisagens
do desertos do Sul...
Troxe- um sonho lindo que ficou
nas botas de suor com que regou
a terra esbraseada.
Arrastou-o a trágica ilusão
que um dia lhe pôs em cada mão
a foice e a enxada.
Veio e ficou...
Foi cavaleiro andante nas anharas
irmãs gémeas das searas
da terra que o gerou.
Pôs em cada semente que lançou
uma oração
e em cada sulco que abriu no chão
foi semeando a esmo
farrapos d'alma, pedaços de si mesmo
como quem se coloca a sí mesmo num caixão
E mesmo assim ficou...
Comeu o pão que o diabo amassou
com lágrimas e fel
e febre, e gritos
contra o calor cruel,
o sol e a sede
e a fome que passou
pelos atalhos malditos
das florestas virgens
e as vertigens
que Leste lhe soprou
na face envelhecida.
E mesmo assim, ficou...
E um dia a terra esquiva abriu-lhe os braços
e do seio ruim,
num milagre de amor,
a virgem possuída
brotou em caule, rebentou em flor
e concebeu em milheirais sem fim.
Ele ficou então p'ra toda a vida...
(Helder Duarte de Almeida - filho de Moçâmedes)
Fonte: Blogue "Gente da Minha Terra" - post de 26Mar2009
sexta-feira, 27 de março de 2009
O COLONO
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