Finalmente,
aui nos tendes presentesa.
Formados,
mas p´lo vinho acabados.
Que nos quereis confessrar?!
Quém breve iremos casar!?
Sim...
se lesse teu pensamento,
talvez lesse:
(Pressa num casamento.
Mas eu não leio
e fingirei não ler,
e deixarei no meio
o que pensas fazer.
Vamos sonhar mais,
brincar, gritar ais,
retardar o fel,
fazer só lua de mel.
Vamos...
mesmo sabendo,
quó que sonhamos
vai-se esmorecendo.
Fonte: Página do Facebook Colegas Tchivinguiro, post de Carlos Loureiro de 08Mai2012
Poema inserto no Livro dos Finalistas de 1963 da Escola de Regentes Agrícolas do Tchivinguiro.
terça-feira, 9 de maio de 2017
ÀS NOSSAS NOIVAS
segunda-feira, 8 de maio de 2017
Dia das Mães (recitado por Rolando Boldrin)
Fonte. Youtube.comYoutube.com
domingo, 7 de maio de 2017
A Rua dos Cataventos
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Fonte: A Magia da Poesia - Mário Quintana - Poemas
sábado, 6 de maio de 2017
Eu escrevi um poema triste
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Fonte: A Magia da Poesia - Mário Quintana - Poemas
sexta-feira, 5 de maio de 2017
Passam crianças
Passam crianças
pálidas,
cansadas,
com os livros na mão,
a pasta
ou nada.
Nem parecem crianças a passar.
Há na indiferença triste daqueles passos
a vaga acusação
de terem estado um doloroso verão
ou a fingir
ou a estudar.
(E algumas
não comeram sequer
ao abalar).
Fonte: Blogue "Voar Fora da Asa", Post de 03Mar2013
quinta-feira, 4 de maio de 2017
À mon Père - Théodore de Banville (1823-1891)
Ô mon père, soldat obscur, âme angélique !
Juste qui vois le mal d'un oeil mélancolique,
Sois béni ! je te dois ma haine et mon mépris
Pour tous les vils trésors dont le monde est épris.
Oh ! tandis que je vais fouillant l'ombre éternelle,
Si la Muse une fois me touchait de son aile !
Si ses mains avaient pris plaisir à marier
Sur mon front orgueilleux la rose et le laurier
Par lesquels le poëte est souvent plus qu'un homme,
Comme je tomberais à tes genoux ! et comme
Je ne serais jaloux de personne et de rien,
Si tu disais : Mon fils, je suis content, c'est bien.
Car ce cœur fier que rien de bas ne peut séduire,
Ô père, est bien à toi, qui toujours as fait luire
Devant moi, comme un triple et merveilleux flambeau,
L'ardeur du bien, l'espoir du vrai, l'amour du beau !
Fonte. Poésie françaises.fr - Recueil de poésies des meilleurs poètes français et étrangers d'hier à aujourd'hui. Recueil : Les Stalactites (1846).
terça-feira, 2 de maio de 2017
segunda-feira, 1 de maio de 2017
À ma Mère (2) - Théodore de Banville (1823-1891)
Mère, si peu qu'il soit, l'audacieux rêveur
Qui poursuit sa chimère,
Toute sa poésie, ô céleste faveur !
Appartient à sa mère.
L'artiste, le héros amoureux des dangers
Et des luttes fécondes,
Et ceux qui, se fiant aux navires légers,
S'en vont chercher des mondes,
L'apôtre qui parfois peut comme un séraphin
Épeler dans la nue,
Le savant qui dévoile Isis, et peut enfin
L'entrevoir demi-nue,
Tous ces hommes sacrés, élus mystérieux
Que l'univers écoute,
Ont eu dans le passé d'héroïques aïeux
Qui leur tracent la route.
Mais nous qui pour donner l'impérissable amour
Aux âmes étouffées,
Devons être ingénus comme à leur premier jour
Les antiques Orphées,
Nous qui, sans nous lasser, dans nos cœurs même ouvrant
Comme une source vive,
Devons désaltérer le faible et l'ignorant
Pleins d'une foi naïve,
Nous qui devons garder sur nos fronts éclatants,
Comme de frais dictames,
Le sourire immortel et fleuri du printemps
Et la douceur des femmes,
N'est-ce pas, n'est-ce pas, dis-le, toi qui me vois
Rire aux peines amères,
Que le souffle attendri qui passe dans nos voix
Est celui de nos mères ?
Petits, leurs mains calmaient nos plus vives douleurs,
Patientes et sûres :
Elles nous ont donné des mains comme les leurs
Pour toucher aux blessures.
Notre mère enchantait notre calme sommeil,
Et comme elle, sans trêve,
Quand la foule s'endort dans un espoir vermeil,
Nous enchantons son rêve.
Notre mère berçait d'un refrain triomphant
Notre âme alors si belle,
Et nous, c'est pour bercer l'homme toujours enfant
Que nous chantons comme elle.
Tout poète, ébloui par le but solennel
Pour lequel il conspire,
Est brûlé d'un amour céleste et maternel
Pour tout ce qui respire.
Et ce martyr, qui porte une blessure au flanc
Et qui n'a pas de haines,
Doit cette extase immense à celle dont le sang
Ruisselle dans ses veines.
Ô toi dont les baisers, sublime et pur lien !
À défaut de génie
M'ont donné le désir ineffable du bien,
Ma mère, sois bénie.
Et, puisque celle enfin qui l'a reçu des cieux
Et qui n'est jamais lasse,
Sait encore se faire un joyau précieux
D'un pauvre enfant sans grâce.
Va, tu peux te parer de l'objet de tes soins
Au gré de ton envie,
Car ce peu que je vaux est bien à toi du moins,
Ô moitié de ma vie !
Fonte: Poésie françaies.fr - Recueil de poésies des meilleurs poètes français et étrangers d'hier à aujourd'hui. Recueil : Les Cariatides (1842).
domingo, 30 de abril de 2017
L'hippopotam . Théophile Gautier (1811-1872)
L'hippopotame au large ventre
Habite aux Jungles de Java,
Où grondent, au fond de chaque antre,
Plus de monstres qu'on n'en rêva.
Le boa se déroule et siffle,
Le tigre fait son hurlement,
Le buffle en colère renifle ;
Lui, dort ou pait tranquillement.
Il ne craint ni kriss ni zagaies,
Il regarde l'homme sans fuir,
Et rit des balles des cipayes
Qui rebondissent sur son cuir.
Je suis comme l'hippopotame :
De ma conviction couvert,
Forte armure que rien n'entame,
Je vais sans peur par le désert.
Fonte: Poésie françaises.fr - Recueil de poésies des meilleurs poètes français et étrangers d'hier à aujourd'hui. Recueil : La comédie de la mort (1838).
sábado, 29 de abril de 2017
À ma Mère - Théodore de Banville (1823-1891)
À Madame Élisabeth-Zélie de Banville.
Ô ma mère, ce sont nos mères
Dont les sourires triomphants
Bercent nos premières chimères
Dans nos premiers berceaux d'enfants.
Donc reçois, comme une promesse,
Ce livre où coulent de mes vers
Tous les espoirs de ma jeunesse,
Comme l'eau des lys entr'ouverts !
Reçois ce livre, qui peut-être
Sera muet pour l'avenir,
Mais où tu verras apparaître
Le vague et lointain souvenir
De mon enfance dépensée
Dans un rêve triste ou moqueur,
Fou, car il contient ma pensée,
Chaste, car il contient mon cœur.
Fonte: Poésise française.fr - Recueil de poésies des meilleurs poètes français et étrangers d'hier à aujourd'hui. Recueil : Les Cariatides (1842).
sexta-feira, 28 de abril de 2017
Aquela Rapariga
Aquela rapariga,
airosa,
bata branca no braço,
ri
quando olham para ela.
(Ri sempre
e continua).
Trabalha numa casa de saúde.
(Quando não passa é porque está de vela;
mas sente-se-lhe a falta aqui na rua).
Fonte: Fonte: Blogue "Voar Fora da Asa", Port de 03Mar2013, in ("Cidade" de Cochat Osório, Luanda 1960).
quinta-feira, 27 de abril de 2017
Eternamente Mãe
MÃE...
Que na presença constante me ensinaste
na pureza do teu coração
a vislumbrar caminhos...
MÃE...
Companheiras dos meus primeiros passos,
mestra das primeiras palavras...
MÃE...
Do amor sem dimensão,
em casa momento,
dos capítulos da minha vida
não ensaiados, mas vividos em emoção...
MÃE...
Do acalanto do meu sono aquecido de amor,
aninhando em teu coração...
MÃE...
Do abraço, do beijo que levo na lembrança...
MÃE...
És tu quem me inspira a caminhar...
MÃE...
A presença de cada passo que o tempo não apaga...
Eternamente MÃE!
Fonte: Desconhecida.
Eternamente MÂE (com uma letra nalguns pontos diferente da apresentada acuma)
Mãe…
Que na presença constante me ensinou na pureza do seu coração seguir os teus caminhos…
Mãe…
Dos primeiros passos, das primeiras palavras…
Mãe…
Do amor sem dimensão, de cada momento, dos atos de cada capítulo de minha vida não ensaiados, mas vividos em cada emoção…
Mãe…
Da conversa no quintal, do acalanto do meu sono aquecido de amor, aninhada em seu coração…
Mãe…
Do abraço, do beijo que levo na lembrança…
Mãe…
É você que me inspira a caminhar…
Mãe…
A presença de cada passo que o tempo não apaga: por mais longo e escuro que seja o caminho, haverá sempre um horizonte…
Mãe…
Mulher a quem devemos a vida, que merece o nosso respeito, nossa gratidão e nosso afeto.
Fonte: http://jornaldopovao.no.comunidades.net/mensagens
quarta-feira, 26 de abril de 2017
Romanceiro Gitano (Romancero Gitano) – trecho
(Romance da lua, lua)
A lua veio à forja
com sua anquinha de nardos.
O menino a olha, olha.
O menino está olhando-a.
Lá no espaço comovido
a lua move seus braços
e exibe, lúbrica e pura,
seus seios de duro estanho.
- Foge lua, lua, lua.
Se chegassem os gitanos,
com teu coração fariam
anéis brancos e colares.
- Menino, deixa que dance.
Quando os gitanos chegarem,
te acharão sobre a bigorna
com os olhinhos fechados.
- Foge lua, lua, lua,
que já ouço seus cavalos.
- Menino, deixa-me, não pises
minha brancura engomada.
O ginete se acercava
tocando o tambor do chão.
Dentro da forja o menino
tem os olhos fechados.
Vinham pelo oliveiral
os gitanos, bronze e sonho.
As cabeças levantadas
e os olhos semicerrados.
Como canta ali o bufo,
ai, como canta na árvore.
Pelo céu a lua segue
de mãos dadas com um menino.
Lá dentro da forja choram,
dando gritos, os gitanos.
O ar a vela, vela.
O ar a está velando.
Romance de la luna, luna
La luna vino a la fragua
con su polizón de nardos.
El niño la mira, mira.
El niño la está mirando.
En el aire conmovido
mueve la luna sus brazos
y enseña, lúbrica y pura,
sus senos de duro estaño.
— Huye luna, luna, luna.
Si vinieran los gitanos,
harían con tu corazón
collares y anillos blancos.
— Niño, déjame que baile.
Cuando vengan los gitanos,
te encontrarán sobre el yunque
con los ojillos cerrados.
— Huye, luna, luna, luna,
que ya siento los caballos.
— Niño, déjame, no pises
mi blancor almidonado
El jinete se acercaba
tocando el tambor del llano.
Dentro de la fragua el niño
tiene los ojos cerrados.
Por el olivar venían,
bronce y sueño, los gitanos.
Las cabezas levantadas
y los ojos entornados.
¡Cómo canta la zumaya,
ay, cómo canta en el árbol!
Por el cielo va la luna
con un niño de la mano.
Dentro de la fragua lloran,
dando gritos, los gitanos.
El aire la vela, vela.
El aire la está velando.
in Romanceiro Gitano (Romancero Gitano de Federico Garcia Lorca ) traduzido (trecho) para português. Publicado em 26 de janeiro de 2012, em Citações Selecionadas.
terça-feira, 25 de abril de 2017
Canção
Qual dia somos nós
Nós somos todos os dias
Meu amigo
Nós somos toda a vida
Meu amor
Nós nos amamos e nós vivemos
nós vivemos e nós nos amamos
E não sabemos o que é a vida
E não sabemos o que é o dia
E não sabemos o que é o amor
Fonte: Poemas de Todos os Poetas, Publicado em 20 de março de 2012, em Citações Selecionadas.
segunda-feira, 24 de abril de 2017
À Espera dos Bárbaros
O que esperamos na ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?
É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.
Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?
É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.
Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?
É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.
Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?
É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.
Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?
Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.
Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.
Fonte: Poemas de Todos os Poetas (Do livro Poesia Moderna da Grécia – Seleção, tradução direta do grego, prefácio, textos críticos e notas de José Paulo Paes – Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1986.)
domingo, 23 de abril de 2017
Lua congelada
Com esta solidão
ingrata
tranquila
com esta solidão
de sangrados achaques
de distantes uivos
de monstruoso silêncio
de lembranças em alerta
de lua congelada
de noite para outros
de olhos bem abertos
com esta solidão
desnecessária
vazia
se pode algumas vezes
entender
o amor.
Fonte: Poemas de Grandes Poetas in “O Amor, as mulheres e a vida – Antologia de poemas de amor”, Tradução: Julio Luis Gehlen. São Paulo: Verus, 2000. p. 33 – colaboração de Marcela para A Magia da Poesia)
sábado, 22 de abril de 2017
O “Adeus” de Teresa
sexta-feira, 21 de abril de 2017
Oração para Aviadores
Santa Clara, clareai
Estes ares.
Dai-nos ventos regulares,
de feição.
Estes mares, estes ares
Clareai.
Santa Clara, dai-nos sol.
Se baixar a cerração,
Alumiai
Meus olhos na cerração.
Estes montes e horizontes
Clareai.
Santa Clara, no mau tempo
Sustentai
Nossas asas.
A salvo de árvores, casas,
E penedos, nossas asas
Governai.
Santa Clara, clareai.
Afastai
Todo risco.
Por amor de S. Francisco,
Vosso mestre, nosso pai,
Santa Clara, todo risco
Dissipai.
Santa Clara, clareai.
Fonte: A Magia da Poesia - Manuel Bandeira - Poemas
quinta-feira, 20 de abril de 2017
ON THIS DAY I COMPLETE MY THIRTY-SIXTH YEAR
- ´TIS time the heart should be unmoved,
- Since others it hath ceased to move:
- Yet, though I cannot be beloved,
- Still let me love!
- My days are in the yellow leaf;
- The flowers and fruits of love are gone;
- The worm, the canker, and the grief
- Are mine alone!
- The fire that on my bosom preys
- Is lone as some volcanic isle;
- No torch is kindled at its blaze--
- A funeral pile.
- The hope, the fear, the jealous care,
- The exalted portion of the pain
- And power of love, I cannot share,
- But wear the chain.
- But 'tis not thus--and 'tis not here--
- Such thoughts should shake my soul nor now,
- Where glory decks the hero's bier,
- Or binds his brow.
- The sword, the banner, and the field,
- Glory and Greece, around me see!
- The Spartan, borne upon his shield,
- Was not more free.
- Awake! (not Greece--she is awake!)
- Awake, my spirit! Think through whom
- Thy life-blood tracks its parent lake,
- And then strike home!
- Tread those reviving passions down,
- Unworthy manhood!--unto thee
- Indifferent should the smile or frown
- Of beauty be.
- If thou regrett'st thy youth, why live?
- The land of honourable death
- Is here:--up to the field, and give
- Away thy breath!
- Seek out--less often sought than found--
- A soldier's grave, for thee the best;
- Then look around, and choose thy ground,
- And take thy rest.
Note: "On this Day I Complete my Thirty-Sixth Year" is reprinted from Works. George Gordon Byron. London: John Murray, 1832. |
Fonte: PoetryArchive
quarta-feira, 19 de abril de 2017
Mamãe Eu Quero (Carmen Miranda)
Nota
terça-feira, 18 de abril de 2017
ADEUS, IRMÃO BRANCO!
segunda-feira, 17 de abril de 2017
São sete e dez
São sete e dez.
Mas como o tempo passa!
É outra gente agora:
aquele
tem o cabelo,
a roupa
o jeito
de quem há-de ficar insatisfeito
se não repararem nele.
domingo, 16 de abril de 2017
Seis horas da manhã
Seis horas da manhã.
No céu
anda um silêncio azul-violeta.
Aqui,
ali,
além,
um motor a roncar
aquece.
Os pardais dão bicadas no silêncio
num tom mordente,
alegre,
impertinente.
Fonte: Blogue "Voar Fora da Asa", Post de 03Mar2013. Poema in "Cidade", Luanda 1960)
sábado, 15 de abril de 2017
Pai Nosso / Pater Noster
Pater Noster aqui cantada pelo próprio Jacques Précvert que também é o autor do poema
PATER NOSTER
Notre Père qui êtes aux cieux
Restez-y
Et nous nous resterons sur la terre
Qui est quelquefois si jolie
Avec ses mystères de New York
Et puis ses mystères de Paris
Qui valent bien celui de la Trinité
Avec son petit canal de l’Ourcq
Sa grande muraille de Chine
Sa rivière de Morlaix
Ses bêtises de Cambrai
Avec son océan Pacifique
Et ses deux bassins aux tuileries
Avec ses bons enfants et ses mauvais sujets
Avec toutes les merveilles du monde
Qui sont là
Simplement sur la terre
Offertes à tout le monde
Eparpillées
Emerveillées elles-mêmes d’être de telles merveilles
Et qui n’osent se l’avouer
Comme une jolie fille nue qui n’ose se montrer
Avec les épouvantables malheurs du monde
Qui sont légion
Avec leurs légionnaires
Avec leurs tortionnaires
Avec les maîtres de ce monde
Les maîtres avec leurs prêtres leurs traîtres et leurs reîtres
Avec les saisons
Avec les années
Avec les jolies filles et avec les vieux cons
Avec la paille de la misère pourrissant dans l’acier des canons.
PAI-NOSSO
Pai-Nosso, que estais no céu
Deixai-vos aí ficar
E nós ficaremos cá na terra
Que às vezes é linda de pasmar
Com os seus mistérios de Nova Iorque
E os seus mistérios de Paris
Que são tão bons como o da Trindade
Com o seu Regueirão dos Anjos
A sua Grande Muralha da China
A sua ria de Aveiro
As suas queijadinhas de Tomar
Com o seu oceano Pacífico
E os dois lagos do jardim das tulherias
Com o bom filho e a má rês
Com todas as maravilhas do mundo
Que aqui estão
À face da terra simplesmente
Oferecendo-se a todos
Disseminadas
E tão maravilhadas por se descobrirem tão maravilhosas
E não ousando admiti-lo
Como uma bela rapariga nua que não ousa mostrar-se
Com as desgraças deste mundo cão
Que são legião
Com os seus legionários
Com os seus tornionários
Com os senhores da terra
Com os seus mercenários seus traidores e seus vigários
Com os anos
E as estações
Com as raparigas bonitas e os velhos vilões
E com a palha da miséria a apodrecer no aço dos canhões.
Fonte: Blogue "Voar Fora da Asa", post de 29Mar2017
sexta-feira, 14 de abril de 2017
Avec le temps (Léo Ferré 1916-1993)
Fonte: Youtube.com https://www.youtube.com/watch?v=aiXcUTTLud4
Avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
on oublie le visage et l'on oublie la voix
le cœur, quand ça bat plus, c'est pas la peine d'aller
chercher plus loin, faut laisser faire et c'est très bien
avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
l'autre qu'on adorait, qu'on cherchait sous la pluie
l'autre qu'on devinait au détour d'un regard
entre les mots, entre les lignes et sous le fard
d'un serment maquillé qui s'en va faire sa nuit
avec le temps tout s'évanouit
avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
mêm' les plus chouett's souv'nirs ça t'as un' de ces gueules
à la gal'rie j'farfouille dans les rayons d'la mort
le samedi soir quand la tendresse s'en va tout' seule
avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
l'autre à qui l'on croyait pour un rhume, pour un rien
l'autre à qui l'on donnait du vent et des bijoux
pour qui l'on eût vendu son âme pour quelques sous
devant quoi l'on s'traînait comme traînent les chiens
avec le temps, va, tout va bien
avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
on oublie les passions et l'on oublie les voix
qui vous disaient tout bas les mots des pauvres gens
ne rentre pas trop tard, surtout ne prends pas froid
avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
et l'on se sent floué par les années perdues-
alors vraiment
avec le temps on n'aime plus
Con el tiempo
Con el tiempo...
Con el tiempo todo se va
Se olvida el rostro y se olvida la voz
Cuando el corazón ya no late,no vale la pena ir a buscar más lejos
Hay que dejar las cosas como son y están muy bien
Con el tiempo...
con el tiempo todo se va
El otro,al que se adoraba,al que se buscaba bajo la lluvia...
El otro,al que se adivinaba a la vuelta de una mirada,
entre palabras, entre líneas y entre polvos
de una promesa maquillada, que se va...
Con el tiempo todo se aleja
Con el tiempo...
Con el tiempo todo se va,todo se va,
aun los más bellos recuerdos tienen pinta de cosa de trapería
en los estantes de la muerte
el sábado por la noche cuando la ternura se va completamente sola.
Con el tiempo...
Con el tiempo todo se va
El otro al que se le daban viento y joyas,
por quien se hubiera vendido el alma por unos céntimos
Ante el que se arrastraba como se arrastran los perros
Con el tiempo se va, todo va bien
Con el tiempo...
Con el tiempo todo se va
Se olvidan las pasiones y se olvidan las voces
que deían bajito con palbras de la gente pobre:
“No vuelvas tarde.sobre todo no cojas frio”.
Con el tiempo...
Con el tiempo todo se va,
y uno se siente encanecido como un caballo agotado.
Y uno se siente catalogado al azar
Y uno se siente muy sólo quizá, pero tranquilo
Y uno se siente ridículo por los días perdidos...
Entonces, de verdad,
con el tiempo, ya no se ama
Fonte: Blogue "poemasemfrances.blogspot.pt"
quinta-feira, 13 de abril de 2017
Darkness
- I had a dream, which was not all a dream.
- The bright sun was extinguish'd, and the stars
- Did wander darkling in the eternal space,
- Rayless, and pathless, and the icy earth
- Swung blind and blackening in the moonless air;
- Morn came and went--and came, and brought no day,
- And men forgot their passions in the dread
- Of this their desolation; and all hearts
- Were chill'd into a selfish prayer for light:
- And they did live by watchfires--and the thrones,
- The palaces of crowned kings--the huts,
- The habitations of all things which dwell,
- Were burnt for beacons; cities were consum'd,
- And men were gather'd round their blazing homes
- To look once more into each other's face;
- Happy were those who dwelt within the eye
- Of the volcanos, and their mountain-torch:
- A fearful hope was all the world contain'd;
- Forests were set on fire--but hour by hour
- They fell and faded--and the crackling trunks
- Extinguish'd with a crash--and all was black.
- The brows of men by the despairing light
- Wore an unearthly aspect, as by fits
- The flashes fell upon them; some lay down
- And hid their eyes and wept; and some did rest
- Their chins upon their clenched hands, and smil'd;
- And others hurried to and fro, and fed
- Their funeral piles with fuel, and look'd up
- With mad disquietude on the dull sky,
- The pall of a past world; and then again
- With curses cast them down upon the dust,
- And gnash'd their teeth and howl'd: the wild birds shriek'd
- And, terrified, did flutter on the ground,
- And flap their useless wings; the wildest brutes
- Came tame and tremulous; and vipers crawl'd
- And twin'd themselves among the multitude,
- Hissing, but stingless--they were slain for food.
- And War, which for a moment was no more,
- Did glut himself again: a meal was bought
- With blood, and each sate sullenly apart
- Gorging himself in gloom: no love was left;
- All earth was but one thought--and that was death
- Immediate and inglorious; and the pang
- Of famine fed upon all entrails--men
- Died, and their bones were tombless as their flesh;
- The meagre by the meagre were devour'd,
- Even dogs assail'd their masters, all save one,
- And he was faithful to a corse, and kept
- The birds and beasts and famish'd men at bay,
- Till hunger clung them, or the dropping dead
- Lur'd their lank jaws; himself sought out no food,
- But with a piteous and perpetual moan,
- And a quick desolate cry, licking the hand
- Which answer'd not with a caress--he died.
- The crowd was famish'd by degrees; but two
- Of an enormous city did survive,
- And they were enemies: they met beside
- The dying embers of an altar-place
- Where had been heap'd a mass of holy things
- For an unholy usage; they rak'd up,
- And shivering scrap'd with their cold skeleton hands
- The feeble ashes, and their feeble breath
- Blew for a little life, and made a flame
- Which was a mockery; then they lifted up
- Their eyes as it grew lighter, and beheld
- Each other's aspects--saw, and shriek'd, and died--
- Even of their mutual hideousness they died,
- Unknowing who he was upon whose brow
- Famine had written Fiend. The world was void,
- The populous and the powerful was a lump,
- Seasonless, herbless, treeless, manless, lifeless--
- A lump of death--a chaos of hard clay.
- The rivers, lakes and ocean all stood still,
- And nothing stirr'd within their silent depths;
- Ships sailorless lay rotting on the sea,
- And their masts fell down piecemeal: as they dropp'd
- They slept on the abyss without a surge--
- The waves were dead; the tides were in their grave,
- The moon, their mistress, had expir'd before;
- The winds were wither'd in the stagnant air,
- And the clouds perish'd; Darkness had no need
- Of aid from them--She was the Universe.
Nota: "Darkness" is reprinted from Works. George Gordon Byron. London: John Murray, 1832. Fonte: PoetryArchive |
quarta-feira, 12 de abril de 2017
Moçambique
terça-feira, 11 de abril de 2017
Ce que disent les hirondelles (Theophile Gautier - 1811-1872)
Déjà plus d’une feuille sèche
Parsème les gazons jaunis;
Soir et matin, la brise est fraîche,
Hélas! les beaux jours sont finis!
On voit s’ouvrir les fleurs que garde
Le jardin, pour dernier trésor;
Le dahlia met sa cocarde
Et le souci sa toque d’or
La pluie au bassin fait des bulles,
Les hirondelles sur le toit
Tiennent des conciliabules:
Voici l’hiver, voici le froid!
Elles s’assemblent par centaines,
Se concertant pour le départ.
L’une dit: ‘Oh! que dans Athènes
Il fait bon sur le vieux rempart!
‘Tous les ans j’y vais et je niche
Aux métopes du Parthénon.
Mon nid bouche dans la corniche
Le trou d’un boulet de canon.’
L’autre: ‘J’ai ma petite chambre
A Smyrne, au plafond d’un café.
Les Hadjis comptent leurs grains d’ambre
Sur le seuil, d’un rayon chauffé.
J’entre et je sors, accoutumée
Aux blondes vapeurs des chibouchs,
Et parmi des flots de fumée
Je rase turbans et tarbouchs.’
Celle-ci: ‘J’habite un triglyphe
Au fronton d’un temple, à Balbeck.
Je m’y suspens avec ma griffe
Sur mes petits au large bec.;
Celle-là: ‘Voici mon adresse:
Rhodes, palais des Chevaliers;
Chaque hiver, ma tente s’y dresse
Au chapiteau des noirs piliers.’
La cinquième: ‘Je ferai halte,
Car l’âge m’alourdit un peu,
Aux blanches terrasses de Malte
Entre l’eau bleue et le ciel bleu.’
La sixième: ‘Qu’on est à l’aise
Au Caire, en haut des minarets!
J’empâte un ornement de glaise,
Et mes quartiers d’hiver sont prêts.’
‘A la seconde cataracte,
Fait la dernière, j’ai mon nid;
J’en ai noté la place exacte,
Dans le pschent d’un roi de granit.’
Toutes: ‘Demain combien de lieues
Auront filé sous notre essaim,
Plaines brunes, pics blancs, mers bleues
Brodant d’écume leur bassin!’
Avec cris et battements d’ailes,
Sur la moulure aux bords étroits,
Ainsi jasent les hirondelles,
Voyant venir la rouille aux bois.
Je comprends tout ce qu’elles disent,
Car le poète est un oiseau;
Mais, captif, ses élans se brisent
Contre un invisible réseau!
Des ailes! des ailes! des ailes!
Comme dans le chant de Rückert,
Pour voler là-bas avec elles
Au soleil d’or, au printemps vert!
Lo que dicen las golondrinas
Aquí y allá se ven las secas hojas
sobre campos de hierba amarillenta;
desde el alba a la noche el viento es fresco,
éste es el fin del tiempo de verano.
Veo abrirse las flores que conserva
el jardín como un último tesoro:
quiere lucir la dalia su divisa,
la maravilla su dorada toca.
La lluvia en el estanque hace burbujas;
y tienen conciliábulos extraños
las golondrinas sobre los tejados:
¡Ya ha llegado el invierno con sus fríos!
Se reúnen por cientos con el fin
de llegar a un acuerdo sobre su éxodo.
Una dice: «Qué bien se está en Atenas,
viéndolo todo desde la muralla.
Todos los años voy allí y anido en
metopas del mismo Partenón.
En los frisos mi nido disimula
el hueco de una bala de cañón.»
Otra dice: «Yo tengo mi cuartito
en Esmirna, en el techo de un café;
sus granos de ámbar cuentan los hayíes
en el umbral que recalienta el sol.
Entro y salgo, avezada como estoy
a los rubios vapores de las pipas,
y entre mares humosos rozo siempre
los turbanes y feces al pasar.»
Ésta dice: «Yo habito en un triglifo,
en el frontón de un templo, allá en Baalbek;
allí me poso y me sujeto, encima
de mis crías de pico puntiagudo.»
Otra dice: «Sabed mi dirección:
Rodas, palacio de los caballeros;
cada invierno mi tienda se alza allí
en capiteles de negros pilares.»
Y la quinta: «Yo voy a descansar,
pues la edad no permite largos vuelos,
en las blancas terrazas que hay en Malta,
entre el azul del agua y el del cielo.»
La sexta: «¡Hay que ver qué bien se está
en El Cairo y sus altos minaretes!
Recubro con el barro un ornamento
y mi cuartel de invierno ya está listo.»
«Pues yo tengo mi nido», dice la última
«donde está la segunda catarata;
el exacto lugar está indicado
en el psen de un monarca de granito».
«Mañana cuántas leguas», dicen todas,
«nuestra bandada habrá dejado atrás,
pardas llanuras, picos blancos, mares
azules con bordados espumosos».
Entre tanto chillido y aleteo,
sobre estrechas cornisas de la altura,
conversan entre sí las golondrinas
viendo cómo la herrumbre invade el bosque.
Comprendo las palabras que se dicen
porque al fin el poeta es como un pájaro;
pero, ay, está cautivo, y sus impulsos
se rompen contra redes invisibles.
¡Alas quiero tener, dadme unas alas!,
como dice aquel cántico de Rückert,
para volar con ellas hacia el oro del sol,
hacia la primavera verde.
Libellés : Teophile Gautier
Fonte: Blogue "poemasemfrances.blogspot.pt"
segunda-feira, 10 de abril de 2017
Je n'ai pas oublié... (Charles Baudelaire - 1821-1867)
Fonte: Youtube.com
Je n'ai pas oublié...
Je n'ai pas oublié, voisine de la ville,
Notre blanche maison, petite mais tranquille;
Sa Pomone de plâtre et sa vieille Vénus
Dans un bosquet chétif cachant leurs membres nus,
Et le soleil, le soir, ruisselant et superbe,
Qui, derrière la vitre où se brisait sa gerbe
Semblait, grand oeil ouvert dans le ciel curieux,
Contempler nos dîners longs et silencieux,
Répandant largement ses beaux reflets de cierge
Sur la nappe frugale et les rideaux de serge.
Yo no he olvidado...
Yo no he olvidado, vecina a la ciudad,
Nuestra blanca morada, pequeña pero tranquila;
Su Pomona de yeso y su vieja Venus
En un bosquecillo insignificante ocultando sus miembros desnudos,
Y el sol, en la tarde, refulgente y soberbio,
Que, detrás del cristal en que se quebraba su gavilla,
Parecía, ojo inmenso abierto en el cielo curioso,
Contemplar vuestras cenas largas y silenciosas,
Derramando generosamente sus bellos reflejos de cirio
Sobre el mantel frugal y las cortinas de sarga.
Fonte da letra: Blogue "poemasemfrances.blogspot.pt"
domingo, 9 de abril de 2017
Kanibambo (João Maria Tudella)
Fonte. Youtube.com
Kanimambo!
Kanimambo!!!
INSTRUMENTAL
Kanimambo!
Kanimambo, só contigo
Eu consigo, entender o amor.
Kanimambo, preso aos laços
Dos treus braços, a vida é melhor.
É por isso, quando tu sorris
Que o feitiço, me faz tão feliz.
E me obriga, a que eu diga
Kanimambo, como o negro diz.
Obrigado, Muchas gracias,
Merci Bien, Tudo é Kanimambo.
Danka schône, Grazia Tanta,
Many Thanks, tudo é Kanimambo.
Obrigado, Muchas gracias,
Merci Bien, Tudo é Kanimambo.
Danka schône, Grazia Tanta
Many Thanks, tudo é Kanimambo.
INSTRUMENTAL
Kanimambo!!!
Kanimambo, se mais linda
Fosse ainda, a expressão landim.
Kanimambo, não diria
Como eu queria, o que és para mim.
Não sei bem, a razão porquê
Sei que vem, de ti não sei quê.
E que ao ver-te, sou credor
De dizer-te, Kanimambo amor.
Obrigado, Muchas gracias,
Merci Bien, tudo é Kanimambo.
Danka schône, Grazia Tanta
Many Thanks, tudo é Kanimambo.
Obrigado, Muchas gracias,
Merci Bien, tudo é Kanimambo.
Danka schône, Grazia Tanta
Many Thanks, tudo é Kanimambo.
Tudo é Kanimambo.
Tudo é Kanimambo.
Kanimambo!!!
Fonte da letra: Vagalume
sábado, 8 de abril de 2017
SER PROFESSOR É...
Ser professor é professar a fé e a certeza de
que tudo terá valido a pena se o aluno sentir-se feliz
pelo que aprendeu com você e pele que ele lhe ensinou...
Ser professor é consumir horas e horas pensando
em cada detalhe daquela aula que, mesmo ocorrendo
todos so dias, a cada dia é única e iroiginal...
Ser professor é entrar cansado numa sala de aula e,
diante da reacção da turam, transfotrmar cansaço
numa aventura maravilhosa de sensinar e aprender...
Ser professor é importar-se com o outro numa
dimensão de quem cultuiva uma planta muito rara que
necessita de atenção, amor e cuidado.
Ser professor é ter a capacidade de "sair de cena",
sem sair do espectáculo".
Ser professor é apontar caminhos, mas deixar que
o aluno caminhe com seus próprios pés...
Antero Simões
Fonte: Facebook de Antero Simões
sexta-feira, 7 de abril de 2017
Comboio da Chibia
Bitola estreita
comboio da Chibia
puxa que puxa
vai que não vai
devagarinho...
E sempre à espreita
na curva do caminho
agarra-se a miudagem
que vai que não vai
no estribo da carruagem
gozar um pouquinho...
Carrocel ofegante
o comboio da Chibia
puxa que puxa
chia que chia
e a miudagem ululante...
Quem mais não tem
brinca com o perigo
chama-lhe amigo
e vitória também.
Puxa que puxa
chia que chia
divertimento do dia
sofrimento... da bucha.
Fonte: Blogue "A Poesia de Valério Guerra", post de 15Jun2005
quinta-feira, 6 de abril de 2017
Léo Ferré - L´ Invitation au voyage (Charles Baudelaire 1821-1867)
Fonte. Youtube.com https://www.youtube.com/watch?v=gFrWBbTywmo&t=101s
L'invitation au voyage
Mon enfant, ma soeur,
Songe à la douceur
D'aller là-bas vivre ensemble !
Aimer à loisir,
Aimer et mourir
Au pays qui te ressemble !
Les soleils mouillés
De ces ciels brouillés
Pour mon esprit ont les charmes
Si mystérieux
De les traîtres yeux,
Brillant à travers leurs larmes.
Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.
Des meubles luisants,
Polis par les ans,
Décoreraient notre chambre ;
Les plus rares fleurs
Mêlant leurs odeurs
Aux vagues senteurs de l'ambre,
Les riches plafonds,
Les miroirs profonds,
La splendeur orientale,
Tout y parlerait
À l'âme en secret
Sa douce langue natale.
Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.
Vois sur ces canaux
Dormir ces vaisseaux
Dont l'humeur est vagabonde ;
C'est pour assouvir
Ton moindre désir
Qu'ils viennent du bout du monde.
- Les soleils couchants
Revêtent les champs,
Les canaux, la ville entière,
D'hyacinthe et d'or ;
Le monde s'endort
Dans une chaude lumière.
Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.
Fonte: Les Grandes Classiques, Charles Baudelaires
quarta-feira, 5 de abril de 2017
Le Déserteur
Monsieur le Président
Je vous fais une lettre
Que vous lirez peut-être
Si vous avez le temps
Je viens de recevoir
Mes papiers militaires
Pour partir à la guerre
Avant mercredi soir
Monsieur le Président
Je ne veux pas la faire
Je ne suis pas sur terre
Pour tuer des pauvres gens
C'est pas pour vous fâcher
Il faut que je vous dise
Ma décision est prise
Je m'en vais déserter.
Depuis que je suis né
J'ai vu mourir mon père
J'ai vu partir mes frères
Et pleurer mes enfants
Ma mère a tant souffert
Elle est dedans sa tombe
Et se moque des bombes
Et se moque des vers
Quand j'étais prisonnier
On m'a volé ma femme
On m'a volé mon âme
Et tout mon cher passé
Demain de bon matin
Je fermerai ma porte
Au nez des années mortes
J'irai sur les chemins.
Je mendierai ma vie
Sur les routes de France
De Bretagne en Provence
Et je dirai aux gens :
Refusez d'obéir
Refusez de la faire
N'allez pas à la guerre
Refusez de partir
S'il faut donner son sang
Allez donner le vôtre
Vous êtes bon apôtre
Monsieur le Président
Si vous me poursuivez
Prévenez vos gendarmes
Que je n'aurai pas d'armes
Et qu'ils pourront tirer.
Nota. "Crée en 1954, les paroles sont de BORIS VIAN
Fonte: http://etab.ac-poitiers.fr/coll-champdeniers/IMG/pdf/frcs_hda_-_le_deserteur_1.pdf
terça-feira, 4 de abril de 2017
Il Silenzio - Nini Rosso played on guitar by Eric
segunda-feira, 3 de abril de 2017
Le Chant des Partisans (Anna Marly) e cantado por Léo Ferré e na versão de Germaine Sablon - [video 1963]
Ami, entends-tu le vol noir des corbeaux sur nos plaines?
Ami, entends-tu les cris sourds du pays qu´on enchaîne?
Ohé, partisans, ouvriers et paysans, c´est l´alarme.
Ce soir l´ennemi connaîtra le prix du sang et les larmes.
Montez de la mine, descendez des collines, camarades!
Sortez de la paille les fusils, la mitraille, les grenades.
Ohé, les tueurs à la balle ou au couteau, tuez vite!
Ohé, saboteur, attention à ton fardeau : dynamite...
C´est nous qui brisons les barreaux des prisons pour nos frères.
La haine à nos trousses et la faim qui nous pousse, la misère.
Il y a des pays où les gens au creux des lits font des rêves.
Ici, nous, vois-tu, nous on marche et nous on tue, nous on crève...
Ici chacun sait ce qu´il veut, ce qu´il fait quand il passe.
Ami, si tu tombes un ami sort de l´ombre à ta place.
Demain du sang noir sèchera au grand soleil sur les routes.
Sifflez, compagnons, dans la nuit la liberté nous écoute...
Ami, entends-tu le vol noir des corbeaux sur nos plaines?
Ami, entends-tu les cris sourds du pays qu'on enchaîne?
Oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh oh..
Fonte: Youtube.com
https://www.youtube.com/watch?v=1hjwicn_evs
https://www.youtube.com/watch?v=rNRq725BUbg
https://www.youtube.com/watch?v=dJI5cEd-nwM&list=RDdJI5cEd-nwM#t=69
Fonte da Letra: http://www.paroles.net/anna-marly/paroles-le-chant-des-partisans
domingo, 2 de abril de 2017
Salade de Fruits in Best de Bourvil
Salade de Fruits
Ta mère t'a donné comme prénom
Salade de fruits, ah! quel joli nom
Au nom de tes ancêtres hawaïens
Il faut reconnaître que tu le portes bien
Salade de fruits, jolie, jolie, jolie
Tu plais à mon père, tu plais à ma mère
Salade de fruits, jolie, jolie, jolie
Un jour ou l'autre il faudra bien
Qu'on nous marie
Pendus dans la paillote au bord de l'eau
Y a des ananas, y a des noix de cocos
J'en ai déjà goûté je n'en veux plus
Le fruit de ta bouche serait le bienvenu
Je plongerai tout nu dans l'océan
Pour te ramener des poissons d'argent
Avec des coquillages lumineux
Oui mais en revanche tu sais ce que je veux
On a donné chacun de tout son cœur
Ce qu'il y avait en nous de meilleur
Au fond de ma paillote au bord de l'eau
Le palmier qui bouge c'est un petit berceau
Salade de fruits, jolie, jolie, jolie
Tu plais à ton père, Tu plais à ta mère
Salade fruits, jolie, jolie, jolie
C'est toi le fruit de nos amours !
Bonjour petit !
Fonte: Youtube.com - Best of Bourvil
https://www.youtube.com/watch?v=NSXFvECdNj4
Fonte da letra: www.letras.mus.br https://www.letras.mus.br/altery-mathe/1359617/
sábado, 1 de abril de 2017
MIMOS PARA ELISA
elisa. elisa tem ancas gordas e beiços carnudos.
elisa gosta de telefonar ao noivo. sentada no so
fá, com o joãozinho à beira, marca o número e diz:
elisa sim meu bem. entretanto o joãozinho mete o
s dedos por baixo da saia de elisa, mete as mãos,
mete os braços. elisa diz: sim meu bem. enquanto
elisa se recosta, joãozinho mete a cabeça debai
xo das saias de elisa, e faz que sim, faz vivamen
te que sim, enquanto elisa diz: sim meu bem. sim.
estes telefonemas com o noivo são tão longos! se
pararam-se há pouco tempo. o noivo suplica: não
chores elisa. não suspires. a separação não será
eterna. elisa acalma-se. joãozinho sai cá para fo
ra. elisa chega-se muito a ele. joãozinho está ag
ora de pé. o noivo fala fala fala. pergunta: elisa
já comeste os bombons todos que te mandei minha
gulosa? elisa não responde. está com a boca cheia
. mesmo na conchinha do ouvido, muito suavemente,
o noivo chama-lhe gulosa. e outros mimos. outros.
in «Santa Copla Carnal»
Fonte: ALBERTO PIMENTA, ANTOLOGIA DE POEMAS AQUI E LÁ ESCARBADOS
sexta-feira, 31 de março de 2017
Catuitui
Saltita catuitui, saltita,
esvoaça catuitui, esvoaça;
diz-me aí do alto o que se passa,
segue-a, e sê a minha vista.
Descortina-lhe livres caminhos,
dá-lhe rumo sem presentir
que de mim foi enamorado pedir,
como de teu cuidado são os ninhos.
Leva-a em tuas asas, se preciso for,
delicada e cuidadosa não te ferirá,
não lhe digas quem sempre a amará,
Nem que do sol e da lua, se preciso for,
luz de mil anos que sejam guardarei
para que na Noite dos Tempos seja seu Astro Rei.
04-06-2005
Fonte: Blogue "A Poesia de Valério Guerra", post de 04Jun2005.
quinta-feira, 30 de março de 2017
Il «Pater Noster» Orazione di Giesù Cristo
Padre, che stai nel ciel, santificato
perché sia il nome tuo, venga oramai
il regno tuo; che in terra sia osservato
il tuo voler, sì come in ciel fatto hai.
E ’l cibo all’alma ed al corpo pregiato
danne oggi; e ci perdona obblighi e guai,
come noi perdoniamo agli altri ancora.
Né ci tentar; ma d’ogni mal siam fuora.
Fonte: in Poesie de Tommaso Campanella, Pág. 108
quarta-feira, 29 de março de 2017
Dantes (En los tiempos antiguos)
Os vendedores
De fruta
Cereais
Plantas e peixe
Estendiam a mercadoria
Nas tendas
Do mercado
E depois iam
Visitar-se uns aos outros
E cumprimentar-se
Desejando
Mutuamente
Um bom negócio.
Uns e outros
Não tinham
O mesmo culto,
Mas sabiam
Que existir
Depende sempre dum contrato.
Agora
Aos sábados
Têm as costas voltadas
Uns para os outros
Nos olhos
Lê-se-lhes a desconfiança e
A uni-los,
Circulam entre eles
Os cães
Vadios.
Fonte: ALBERTO PIMENTA, ANTOLOGIA DE POEMAS AQUI E LÁ ESCARBADOS
terça-feira, 28 de março de 2017
Vêm agora
Vêm agora
Empoleirados em camiões.
O único contacto
Com a terra
É quando saltam
Para a pisar.
Têm um coração
Que deve ser cego,
Por isso amparam-se
A uma espingarda,
Como os cegos
A uma bengala.
Caminham dos pés à cabeça
Carregando com a morte:
São muitos
Os que tropeçam já
Num sulco de terra.
Esses
Não tornarão a ver
O disco da aurora.
Outros se seguirão,
Um a um.
Esta
É a palavra
Dum coração que vê.
in Marthiya de Abdel Hamid Segundo Alberto Pimenta, 2005
Fonte: ALBERTO PIMENTA, ANTOLOGIA DE POEMAS AQUI E LÁ ESCARBADOS
segunda-feira, 27 de março de 2017
Elegia
já nada é o que era
e provavelmente nunca mais o será
e mesmo que o fosse
algo me diz que já não seria o que era
porque o que era
era o que era por ser o que era
do que eu me lembro muito bem
embora eu então não fosse o que agora sou
mas o que agora sou
ou estou a ser
é deixar de ser o que sou
porque eu sou deixando de ser
deixar de ser é a minha maneira de ser
sou a cada instante
o que já não sou
e o mesmo se deve passar com tudo o que é
motivo por que não admira que assim seja
quer dizer
que nada seja o que era
e se assim é
ou já não é
seja ou não seja
Alberto Pimenta, in 'Ascensão de Dez Gostos à Boca'
Fonte. Blogue "Citador"
domingo, 26 de março de 2017
Aquela negra
aquela negra, de enxada em punho,
lutando pela minha fome;
aquela preta que jorra suores na minha sede;
e que vai de lenha à cabeça
porque o frio me consome;
aquela negra pobre, sem nada,
que vende os panos para me vestir,
que chora nas ruas o meu nome,
aquela negra é minha mãe
Jorge Macedo (1941-2009)
Fonte. Blogue "Angola: os poetas", post de 31Jan2009
sábado, 25 de março de 2017
Colar de missangas
naquela rua da praça…
foi ali que a encontrei
e conheci
e gostei
de a ver passar
com a quinda na cabeça…
não notei as cores dos panos,
não notei o que levava
para vender.
só reparei
e gostei
do seu colar de missangas.
soube depois
que era recordação
dum homem com quem vivera…
um dia
- quantos já passados –
estava ela na baía
quando o guerreiro,
fogueiro
ou marinheiro
de cabotagem,
apareceu por ali.
encontrou-a
convidou-a,
ela foi
e ofereceu-lhe o colar.
depois seguiu a viagem
e a vida seguiu também.
meses passados
nasceu-lhe o filho.
gostou,
ficou contente.
Depois
morreu-lhe o filho.
chorou,
enlouqueceu de repente.
e agora
todas as manhãs
quem quiser a vê passar
a caminho da quitanda
com a quinda na cabeça.
e conta os dias
passados á espera do filho,
pelas missangas
rubras, da cor das pitangas,
que vai pondo,
dia a dia,
no fio do seu colar.
ontem
quando a vi passar
o colar
tinha dez voltas…
Fonte. Blogue "Angola: os poetas", post de 17Dez2010
sexta-feira, 24 de março de 2017
Queixa
toda a noite te esperei.
quando cheguei
não estava ainda luar.
e fiquei
a esperar
que viesses
como tinhas prometido.
toda a noite te esperei
e afinal não apareceste.
fiquei esperando,
esperando,
e as horas foram caindo,
uma a uma
como gotas de cacimbo.
entretanto,
surgiu detrás da igreja
o disco em prata,
da lua.
debaixo da cajadeira,
junto à valeta da rua
e sob a luz que me encanta,
vi nascer a madrugada
da cor da semana santa
vi como a noite fugia
e como raiava o dia.
…toda a noite te esperei
E afinal não apareceste…
Fonte: Blogue "Angola: os poetas", post de 06Jul2009.
quinta-feira, 23 de março de 2017
Kalahári
Flor pálida dos trópicos, ó flor
de chama, com pétalas de lume...
flor gentil do jardim dum grande amor,
que tem o clima estranho do ciúme!
tens a beleza dos desertos quentes
e a tristeza anémica do sul,
filha do kalahári,
miragem do deserto
de areias de oiro,
reflectindo
o céu azul
enamorado de ti...
deserto e céu enamorados
e perseguindo
teu corpo de sonho, a despertar!
filha do kalahári,
que tentação a tua...
és linda e triste,
como à noite a branca lua!
ó rainha do deserto,
que sepulta um morto mar,
talvez tu sejas de perto
a sombra de quem morreu,
a alma de quem sofreu,
há mil anos, nesse mar,
e o milagre do amor,
quebrando o túmulo das águas,
fizesse ressuscitar!
Fonte: Blogue "Angola: os poetas, post de 04Abr2014.
quarta-feira, 22 de março de 2017
A Maior Tortura
Na vida, para mim, não há deleite.
Ando a chorar convulsa noite e dia ...
E não tenho uma sombra fugidia
Onde poise a cabeça, onde me deite!
E nem flor de lilás tenho que enfeite
A minha atroz, imensa nostalgia! ...
A minha pobre Mãe tão branca e fria
Deu-me a beber a Mágoa no seu leite!
Poeta, eu sou um cardo desprezado,
A urze que se pisa sob os pés.
Sou, como tu, um riso desgraçado!
Mas a minha tortura inda é maior:
Não ser poeta assim como tu és
Para gritar num verso a minha Dor! ...
(Dedicado a um grande poeta)
Fonte: Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas", in Citador
terça-feira, 21 de março de 2017
Pior Velhice
Sou velha e triste. Nunca o alvorecer
Dum riso são andou na minha boca!
Gritando que me acudam em voz rouca,
Eu, náufraga da Vida, ando a morrer!
A Vida, que ao nascer, enfeita e touca
De alvas rosas a fronte de uma mulher,
Na minha fronte mística de louca
Martírios só poisou a emurchecer!
E dizem que sou nova... A mocidade
Estará só, então, na nossa idade,
Ou está em nós e em nosso peito mora?!
Tenho a pior velhice, a que é mais triste,
Aquela onde nem sequer existe
Lembrança de ter sido nova... outrora...
Fonte: Blogue "Livros e Palavras", post de 17Ago2012.
segunda-feira, 20 de março de 2017
Às Mães de Portugal
Poema escrito em homenagem aos soldados portugueses que lutaram em França durante a Primeira Guerra Mundial.
Fonte: livro "Mãe", edição 101 noites, Pág. 61-62.
domingo, 19 de março de 2017
Dia do Pai
"hoje senti saudades de ti ... pai ...Fonte: BATALHÃO DE ARTILHARIA 1914 - Tite, Guiné/Bissau, post "Dia do Pai" de 19Mar2010.
saudades de te ter , de te abraçar,hoje senti saudades de ti ...saudades de te ver sorrir ...saudades da tua face e teus olhos...hoje senti saudade de te olhar...saudades da tua voz...mas senti saudades de te ouvir falar,(de te ouvir tocar guitarra portuguesa...)hoje senti saudades de ti ...de te ver a trabalhar,de te ouvir rir, pena não te ver envelhecer ...ver-te chegar a casa, era uma casa cheia...hoje olhei-me ao espelho, pensei em ti...no verde de meus olhos vi saudade,vi-te dentro do meu olhar, fiquei ali...e fiquei nos meus olhos à vontade ...pedi então a Deus p'ra adormecerque pudesse ver-te, ainda que a sonharnão pude dormir, pai ,não pude... que a saudadefoi mais forte do que eu, pôs-me chorar..."
sábado, 18 de março de 2017
Campo de merendas
E cantares de passarinhos
E mesas com bancos de madeira tosca
Em sala de jantar do campo
Sombreada e boa
Fogão a carvão
cozinha de antigamente
Neste lugar distante
Tudo é novo
Há desconhecido
e há diferente
Alguém prepara o petisco
Outro põe a mesa
Em talheres de ocasião
Uns e outros vivem o lugar
em permanente comunhão
Rede de índio
Esticada ao alto
Em soneca balouçante
devagar se escoa o tempo
No calor da tarde
Música de grilos
Acompanha o batuque das verdes folhas
em acordes batidos pelo vento
Anoitece
Mais tarde a Lua nasce a leste
Brilham as estrelas
e bem ao alto
vai passando o carrocel celeste
Ao serão
Canta o ruído da bicharada
E o murmurar da fonte próxima
e há temor
e cresce a adrenalina
Por um dia
Este é o meu quarto
Com paredes de vento
Soalho de folhas secas
Telhado verde de folhagem vária
Sem sobressalto desfruto
neste templo da natura
um concerto de emoções e música
de toda uma noite
Gozo um diálogo incessante
de eu para outros "eus"
que nascem dentro de mim
e que sinto que também são meus
sexta-feira, 17 de março de 2017
CHUVA QUE CAI DE MANSINHO
CORREM AS ÁGUAS PELA ESTRADA
CHUVA QUE CAI DE MANSINHO
SÄO PASSOS QUE PASSAM, CAMARADA
JUNTO A PORTA DO MEU NINHO
DOR QUE SENTE A ALMA, DEVAGARINHO
MELANCÓLICA SE ABRE A LUA
REFLECTE COMO ESPELHO EM MINHA RUA
A IMAGEM SUBTIL DA MINHA AMADA.
TRISTE PELA LONGURA DISTANTE
TROPEL DA GUERRA QUE ME INCENDEIA
SÓ ME SINTO, NESTE INSTANTE
TÄO PERTO E TÄO LONGE DE TI, ADORADA
DA ALEGRIA VEM A DOR QUE DESPREZADA
IGNORO, COMO VAGABUNDO ANDANTE
BUSCA COISA BOA, AMOR GALANTE
VIDA QUE ALIMENTA ESTA CANDEIA.
11/DEZ/1973
quinta-feira, 16 de março de 2017
A uma africana
eu vejo um mar de desejos,
nos lábios, talvez carnudos,
um labyrinto de beijos.
a tua boca mimosa
é um cofre de coral
onde tu guardas vaidosa,
dentes brancos sem rival.
as ternas modulações
do teu olhar pausado,
dão-me às vezes tentações
de me matar a teu lado.
se fallas não sei que mago
som me attrahe e fascina;
parece, ao longe, n'um lago,
ouvir-se uma cavatina.
eu tenho um certo receio
de bem encarar de frente
o teu olhar, todo cheio
d'um fogo surprehendente.
as tuas faces para mim, -
- d'um moreno provocante,
são as rosas d'um jardim
de perfume estonteante.
na curva pronunciada
do teu collo admirável
poisa às vezes, confiada,
minha vista insaciável!
não sei que graça infinita,
que mystérios nelle vejo;
quem me dera ter a dita
d'hai matar um desejo.
n'um revolto desalinho
teus cabellos ondeados
parecem o fofo ninho
de dois pombinhos amados.
se teu conjuncto contemplo
sinto uma doce vertigem
julgo-me dentro d'um templo
adorando a santa virgem!
será feliz quem tu queiras
o que teu amor inflame;
gentil filha das palmeiras,
ngu xála, ngâna, ngui'âme (1)
(1)"Deixo-vos, Senhora, retiro-me"
quarta-feira, 15 de março de 2017
IRENE NO CÉU
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro Bonacheirão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
Fonte: Blogue "José Maria Alves, post de 17Ago2013.
terça-feira, 14 de março de 2017
O analfabeto Político
O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo da vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguel, do sapato, do remédio
E nem dos impostos que paga.
Depende das decisões políticas.
O analfabeto político
É tão burro que se orgulha
E estufa o peito dizendo
Que odeia política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
Nasce a prostituta, o menor abandonado,
E o pior de todos os bandidos,
Que é o político vigarista,
Pilantra, corrupto e lacaio
Das empresas nacionais e multinacionais.
Fonte: Grupo do Yahoo "Observatório Sociológico" - post de 16Out2008
ObservatorioSociologico@yahoogrupos.com.br
segunda-feira, 13 de março de 2017
Sábado nos Musseques
Os musseques são bairros humildes
de gente humilde
e logo ali se confunde com a própria vida
transformada em desespero
em esperança e em mística ansiedade
no significado das coisas
e dos seres
acesa em vez de candeeiros
de iluminação pública
que pobreza e luar
casam bem
sentida nos barulhos
e no cheiro a bebidas alcoólicas
espalhadas no ar
com gritos de dor e alegria
misturados em estranha orquestração
no homem fardado
alcançando outro homem
que domina e leva aos pontapés
e depois de ter feito escorrer sangue
enche o peito de satisfação
por ter maltratado um homem
onde o casse-tête derrubou o homem
darão voltas
saltarão muros
pisarão espinhos
pés descalços se cortarão
sobre cacos de garrafas
quebradas por crianças inocentes
e cada mulher
suspirará de alívio
quando o seu homem entrar em casa
Ansiedade
nos soldados que se divertem
emboscados à sombra de cajueiros
à espera de incautos transeuntes
ais de dor
lancinam ouvidos
ferem corações tímidos
e afastam-se passos
em correia angustiante
e depois dos risos da matula
desenfreada
só silêncio mistério lágrimas e ódio
e carnes laceradas
pelas fivelas dos cinturões
nos que passam
à procura do prazer fácil
escondido em recanto escuro
violando uma criança
e a criança
só tarde
clamará contra o destino
na contenda da taberna
escandalosamente
velha dívida de cem mil réis
entre os murmúrios
da numerosa assistência
nas mulheres
abandonaram os homens
para ouvir
a vizinha aos gritos
ralhando contra a pobreza do marido
choros histéricos
ruídos de cadeiras caídas
respirações ofegantes
tilintar doloroso
de louça de ferro esmaltado
e a multidão invade a casa
os desavindos expulsam-na
e depois vem a reconciliação
com risinhos de prazer
nos alto-falantes do cinema
de bocas escancaradas
a gritar swing
ao pé das bilheteiras
enquanto um carrocel
arrasta em turbilhões de sonho
luzinhas vermelhas verdes azuis
e também
a troco de dois mil e quinhentos
namorados e crianças
nos batuques saudosos
dos kiocos contratados
o fundo de todo o ruído
A derrubar o sussuro
Da ânsia tumultante
na humilde criança
que foge amedrontada do polícia
de serviço
no som da viola
acompanhado uma voz
que canta sambas indefinidos
deliciosamente preguiçosos
pejando o ar
do desejo de romper em pranto
possa o grito de saudade
que a multidão tem dos dias não vividos
dos dias de liberdade
e a noite
bebe-lhes os anseios de vida
Ansiedade
nos bêbedos caídos nas ruas
alta noite
nas mãos aos gritos
à procura de filhos desaparecidos
que consulta o kimbanda
para conservar o emprego
que pede drogas ao feiticeiro
para conservar o marido
que pergunta ao advinho
se a filhinha se salvará
da pneumonia
na cubata
de velhas latas esburacadas
compaixão
as nossas senhoras
nas famílias rezando
bêbedos urinam na rua
encostadas à parede
afastando-se depois
a ridicularizar as vezes
que perceberam
através das persianas das janelas
dançada à luz do acetileno
ou do candeeiro Petromax
em sala pintada de azul
cheia de pó
e do cheiro a suor dos corpos
e de maneios de ancas
e de contactos de sexos
nos que riem e nos que choram
e nos que respiram sem compreender
nas salas de dança
regurgitantes de gente
onde daí a instantes
o namorado repreende a noiva
insultos são atirados para o ar
enchendo o recinto de questões
que extravasam para a rua
acudindo polícias aos assobios
no esqueleto de pau a pique
ameaçadoramente inclinado
a sustentar pesado tecto de zinco
e nos quintais
semeados de dejectos e maus cheiros
nas mobílias sujas de gordura
nos lençóis esburacados
e nas camas sem colchão
nos que descobrem multidões passivas
esperando a hora
ferve o desejo de fazer o esforço supremo
para que o Homem
e a esperança
não mais se torne
em lamentos da multidão
faz desabrochar mais vontades
nos olhares ansiosos dos que passam
nos musseques
com mística ansiedade
vai desfraldando heróicas bandeiras
nas almas escravizadas.