"Kuakié!... Makèsú, Makèsú..."
O pregão da avó Ximinha
è mesmo como os seus panos
Já não tem a cor berrante
Que tinha nos outros anos.
Avó Ximinha está velhinha
Mas de manhã, manhãzinha,
Pede licença ao reumático
E num passo nada prático
Rasga estradinhas na areia...
Lá vai para um cajueiro
Que se levanta altaneiro
No cruzeiro dos caminhos
Das gentes que vão p´ra Baixa.
Nem criados, nem pedreiros
Nem alegres lavadeiras
Dessa nova geração
Das "Venidas de alcatrão"
Ouvem o fraco pregão
Da velhinha quitandeira.
- "Kuakié!... Makèsú, Makèsú..."
- "Antão, véia, hoje nada?"
- "Nada, mano Filisberto...
Hoje os tempo tá mudado..."
- "Mas tá passá gente perto...
Como é aqui tás fazendo isso?"
- "Não sabe?! Todo esse povo
Pegô um costume novo
Qui diz qué civrização:
Come só pão com chouriço
Ou toma café com pão...
E diz ainda pru cima
(Hum... mbundu Kene muxima...)
Qui o nosso bom makèsú
è pra véios como tu."
- "Eles não sabe o que diz...
Pru qué Qui vivi filiz
E tem cem ano eu e tu?"
- "É pruquê nossas raiz
Tem força de makèsú!..."
Fonte: "Angola - Viriato da Cruz - o Homem e o Mito" de Edmundo Rocha, Francisco Soares e Moisés Fernandes
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