sábado, 13 de dezembro de 2008

POEMA DO MENINO DEUS

Nasceste.
Chegaste num dia frio
De sol cadente.
Dormiras sobre estrelas
E trazias no cabelo
O ouro que tiraras delas.
Nas mãos, um tesouro:
O peso assustador,
Esmagador,
Do mundo.
Trazes nos olhos
A pureza duma açucena,
O brilhar de prantos
Que jamais choraste.
Nasceste.
Não vieste para reinar
Entre prata, ouro ou pedras.
Chegaste só
Com a neve que tombava
E a chuva que tamborilava
No telhado em ruina.
Agora, dormes num monte de feno quente
Cheirando a campo. Perto,tua mãe vela docemente,
Com o peso desse filho que é seu
E salvador do mundo.
Ninguém sabe que vieste.
Nasceste menino, Homem-Deus, para reinar.
Mas não ficaste.
Encontraste em cada esquina,
Um Judas p'ra te trair
Uma coroa d'espinhos p'ra te ferir,
E o peso de pecados a curvar-te,
A enterrar-se
Até ao fundo do teu coração.
Estás em tudo, Menino Deus...
Pena teres partido...
Não teres mantido teu reinado,
Tua humildade imensa de cordeiro
Entre os homens.
Porque entao, Menino Deus,
Esta não seria a terra
De rios entumescidos
De prantos e gemidos,
E nós não seríamos
Estes vermes rastejantes
De olhos suplicantes
Virados para Ti,
Numa ansia agónica de Te tocar
Sem termos forças
Para Te alcançar.

Fonte: E-mail enviado pela autora

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostaria de ver publicados mais poemas desta grande poetisa que é Vera Lúcia e, se possível, alguns dados biográficos.

Obrigada

Mafalda Rosa

Rui Moio disse...

Obrigado Mafalda Rosa pela preferência. Dei conhecimento da sua pretensão à poetisa Vera Lúcia.

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