Vós que vos ergueis agrestes
Sob o azul do céu nevoado,
Vós que pareceis negros gigantes
Que a Terra (santa mãe)
Não sepultou no ventre ubérrimo,
Dizei-me: Quem sois?
Sim! Contai a glória, ou martírio
(Mistério transcendente)
Dessa vossa vida surpreendente.
Sois monumentos sagrados
De feros dramas e façanhas?
Quem pisou o vosso chão?
Tu, pedra escura,
Que linguagem estranha,
Que mistério escondes?
Dalgum santo missionário
Que pisou e sagrou a tua gleba?
Dum valente, indómito colono
Que com galhardia e amor pátrio
Fecundou Angola, que era Portugal?
Falai-me, por Deus,
Da vossa vida, da vossa lenda,
Penedos escuros de estranhas vidas.
No silêncio perpétuo e eterno
Oh morros de Benguela,
Concedei-me que eu, um dia,
Feita pó, feita lodo,
Durma prostrada, em paz.
Mas depois da minha morte
Feito pedra, pedra forte,
Meu pobre coração
Permaneça eternamente
Repousando a vosso lado.
Fonte: E-mail enviado pela autora
sábado, 6 de dezembro de 2008
MORROS DE BENGUELA
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