Buscas en Roma a Roma ¡oh peregrino!
y en Roma misma a Roma no la hallas:
cadáver son las que ostentó murallas
y tumba de sí proprio el Aventino.
Yace donde reinaba el Palatino
y limadas del tiempo, las medallas
más se muestran destrozo a las batallas
de las edades que Blasón Latino.
Sólo el Tibre quedó, cuya corriente,
si ciudad la regó, ya sepultura
la llora con funesto son doliente.
¡Oh Roma en tu grandeza, en tu hermosura,
huyó lo que era firme y solamente
lo fugitivo permanece y dura!
Fonte: Blogue Poemas del Alma
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
A Roma sepultada en sus ruinas
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Directório de Poesia
Directório de Poesia Lusófona
Contém uma referência ao blogue de POESIA Sentires Sentidos
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
A cidade
Em Lisboa não morro mas espero
O Tejo a água a ponte e o Rossio.
Em Lisboa não morro mas espero
Um pouco menos Tejo menos frio.
Em Lisboa vendendo a minha fruta
De azeite e mel de ódio e de saudade.
É dentro de mim próprio que eu tropeço
Num degrau de ternura da cidade.
Em Lisboa gaivota que navega
No Terreiro do paço por acaso
Eu encontro a dimensão da minha entrega
No aterro, onde me enterro a curto prazo.
Limoeiro, limo do mar da Palha
Palha podre de tédio rio surpresa
Desta Lisboa de água que só falha
Quando do céu azul sobra tristeza.
Lisboa meu amor, minha aventura
Em cada beco só uma saída
Alfama, meu mirante de lonjura
Má fama que a nós todo dás guarida
Mas esta angustia que eu canto
Lisboa, Lisboa, não vem ao caso!...
Fonte: Blogue "Lupango da Jinha - post de 07Ago2008"
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Fonte: Site Sonetos.com.br
Origens
Eu vim da terra dos traídos
Vim dum monte de sonhos destroçados
Vim de cidades em ruinas
Dum bando de famintos revoltados.
Amei os pobres, as crianças, as mães amarguradas.
Fui choro, fui pranto de muitos lares,
Fui o roçar de facas, de chibatadas.
Entrei nos templos, p'ra achar pureza,
Desci às ruas, p'ra conhecer tristeza.
Fui bandeira branca, desfraldada,
Fui lágrima de noiva abandonada.
Fui grito de dor, brado de morte,
Fui brinquedo morrendo com um menino.
Fui solidão e fui miséria
Fui flor de sangue derramado.
Eu vim da terra dos traídos...
Da terra sem lares, ou maternas mãos...
Sem portos, sem ruas, sem amores,
Sem Credos, sem Deus, sem alvoradas...
Vim dum bando de crianças inocentes
Qu´esperavam com fé p´la madrugada,
Que não conheciam ódios raciais
E tinham direito à sua sobrevivência.
Eu sou a que está convosco, incompreendidos,
Que não querem curvar-se ao cativeiro,
Que querem ser livres, encontrarem-se,
E acreditam que num futuro aurifulgente,
Num mundo sem ódios, nem concessões,
Tudo será melhor, será diferente.
Fonte: Blogue "A minha Sanzala"- post de 24Ago2008
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Libertação
Se minha vida é uma prisão,
E trago contida minha verdade,
Sorriso nos lábios é simulação,
Prazer no que faço, dissimulação...
A espontaneidade cabal falsidade...
Armo-me de coragem,
Cobre-me a camuflagem,
Esperando o momento oportuno
De rebelar-me, soltar-me, achar-me...
Nesse papel em branco, caneta em punho,
Traço meu plano de fuga, um tanto soturno,
O meu desejo insano ou mesmo profano
De correr ao encontro da liberdade,
Braços abertos à própria vontade...
Libertar em poesia tudo o que sou...
Recolher a fantasia que ainda restou,
Num expressar escancarado, nada forçado,
Dançando anseios na chuva que molha
E limpa meu corpo do que o deflora...
Trazendo de volta a alma que agora
Chora a emoção, liberta a expressão,
Sorri o livre-arbítrio, afaga o que aflora.
Fonte: Site de Poesias
De manhã, que medo, que me achasses feia!
De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.[Bis]
Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:
São loucas! São loucas!
Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]
No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.
OBS: Fado cantado por Amália Rodrigues
Escada Sem Corrimão
É uma escada em caracol
E que não tem corrimão.
Vai a caminho do sol
Mas nunca passa do chão.
Os degraus, quanto mais altos,
Mais estragados estão,
Nem sustos nem sobressaltos
Servem sequer de lição.
Quem tem medo não a sobe,
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
O lastro do coração.
Sobe-se numa corrida,
Corre-se p'rigos em vão.
Adivinhaste: é a vida
A escada sem corrimão.
Aves Agoirentas
Andam aves agoirentas
Quase a rasarem o chão,
Nunca dizendo que sim,
Dizendo sempre que não.
Mas não tenho mão em mim.
Que importa a voz da razão?
E vou sempre ter contigo
Por mais que digam que não
Os presságios do destino
Ao pé de ti nada são.
Rendição sem condições
Eis a minha rendição.
Mais febris e mais violentas
São as horas da paixão
Quanto maiores as tormentas
Que andaram no coração.
Nos teus olhos há clarões
Da luz que os desejos dão.
E das aves agoirentas
Ficam penas pelo chão.
Primavera
Todo o amor que nos prendera
Como se fora de cera
Se quebrava e desfazia
Ai funesta primavera
Quem me dera, quem nos dera
Ter morrido nesse dia
E condenaram-me a tanto
Viver comigo meu pranto
Viver, viver e sem ti
Vivendo sem no entanto
Eu me esquecer desse encanto
Que nesse dia perdi
Pão duro da solidão
É somente o que nos dão
O que nos dão a comer
Que importa que o coração
Diga que sim ou que não
Se continua a viver
Todo o amor que nos prendera
Se quebrara e desfizera
Em pavor se convertia
Ninguém fale em primavera
Quem me dera, quem nos dera
Ter morrido nesse dia
General
da lo mismo,
es igual—:
Para ser General,
como usted, General,
se necesita
haber sido nombrado General.
Y para ser nombrado General,
como usted, General,
se necesita
lo que usted no le falta, General.
Usted merece bien ser General,
llena los requisitos, General.
Ha bombardeado aldeas miserables,
ha torturado niños
ha cortado los pechos de las madres
rebosantes de leche,
ha arrancado los testículos y lenguas,
uñas y labios y ojos y alaridos.
Ha vendido mi patria
y el sudor de mi pueblo
y la sangre de todos.
Ha robado, ha mentido, ha saqueado,
ha vivido
así, de esta manera, General.
General
—no importa cuál—:
para ser General,
como usted, General,
hay una condición fundamental:
ser un hijo de puta,
General.
Fonte: Blogue "Poemas del Alma"
domingo, 17 de agosto de 2008
La moneda de hierro
Aquí está la moneda de hierro. Interroguemos
las dos contrarias caras que serán la respuesta
de la terca demanda que nadie no se ha hecho:
¿Por qué precisa un hombre que una mujer lo quiera?
Miremos. En el orbe superior se entretejan
el firmamento cuádruple que sostiene el diluvio
y las inalterables estrellas planetarias.
Adán, el joven padre, y el joven Paraíso.
La tarde y la mañana. Dios en cada criatura.
En ese laberinto puro está tu reflejo.
Arrojemos de nuevo la moneda de hierro
que es también un espejo magnífico. Su reverso
es nadie y nada y sombra y ceguera. Eso eres.
De hierro las dos caras labran un solo eco.
Tus manos y tu lengua son testigos infieles.
Dios es el inasible centro de la sortija.
No exalta ni condena. Obra mejor: olvida.
Maculado de infamia ¿por qué no han de quererte?
En la sombra del otro buscamos nuestra sombra;
en el cristal del otro, nuestro cristal recíproco.
Fonte: Blogue "Poemas del Alma"
Cartagena de Indias
Aquí me tienes
otra vez disponible
al poema.
Sentado en un lugar ideal
esperando el poema.
Un lugar ideal y tranquilo
entre el ir y venir de la gente
y el poema no viene.
En este sábado por la tarde
en pleno centro de Cartagena
el poema no viene.
Entre la calle del Porvenir
Y la calle de la Soledad
no viene el poema.
Y larga y poderosa es la tromba
y la trompa del deseo.
Y total es la sinceridad.
Y auténtica la zozobra.
Y contenida la desesperación.
Y el poema no viene.
Muy alto es el cielo sobre esta ciudad,
vasto el mar
y anchísimo el continente.
Más fácil es hacer poemas sobre el exilio
en los Estados Unidos;
mucho más fácil la elocuencia de una ciudad
como Buenos Aires o Madrid.
E incluso ahora que estoy con una maravillosa mujer
--la más linda de todas, la más misteriosa,
la más cartagenera-- ignoro si ella es precisamente
una llave.
Todavía no sé si es necesaria una llave
para entrar a Cartagena.
Quizá el muy alto aire
y el muy vasto mar nos hablen
--a escondidas--
entre algunas de estas estrechas calles.
Quizá Pedro Claver se anime
a interpretarnos la soledad y el porvenir de su gente
(pienso en Pedro Claver --enfermo y ya gastado--
observando atentamente la bahía).
Tal vez algún día un andino del Perú
sea asimismo caribe.
Es muy fácil hacer poemas sobre el exilio
en los Estados Unidos,
muy fácil predecir el deterioro
y la posterior destrucción.
Pero escribir algo digno sobre Cartagena
no es tan fácil. No es tan predecible.
Bocachica es la pobre
y Bocagrande –lógico-- es la rica,
y aquí se ubican los burdeles. Pero,
a la orden estoy.
Con mi corazón andino y mi deseo africano.
Alto cielo y vasto mar de la costa
por ahí me voy a encontrarlos.
Fonte: Blogue "Poemas del Alma"
domingo, 10 de agosto de 2008
SONHANDO
Prometi a mim não escrever
Mais alguma poesia,
Mas do Luso quero dizer
O que há muito não dizia.
No rio Luena ao entardecer,
Sonhando com os jardins e o Ferrovia,
Sinto muita pena de perder
A cidade do Luso onde vivia.
Sonho com as flores do Moxico,
Com loengos, papaias e mamão
E as camangas me deixam rico.
Sonho com a estrada do Benfica à missão.
È um sonho mas não acredito
Que seja apenas uma recordação!
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
MUCUBAL
Mãe dos pastores,
do deserto solene a altivez
levas em teu plácido rosto.
Vais segura da eternidade,
serena como os bois que guardas,
como ainda os segredos do nonpeke.
Gioconda do Iona
chamar-te-iam os guardiões dos ateliês
se para tanto se despissem
de todos os setentrionais atavios
e apenas ao teu pano de toucado
se ativessem.
Fonte: Blogue "PoeMaconge" - post de 16Out2007
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Quando eu morrer batam em latas
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
Mário de Sá-Carneiro (1890-1916)
Fonte: "Manlius" - post de 04Ago2008
Lembranças de um amigo
Amigo porque te vais…
quem disse que esta era a tua hora?
Mesmo agora partiste e o meu pranto já te implora.
Eras diferente dos demais!…
Ainda oiço os teus passos pelas pedras da calçada.
Na estante, fechado, está o livro que te dei.
Se alguém me perguntar por ti, dir-lhe-ei:
Não sei! A vida já não é nada.
Sozinha, caminho, sem saber onde te encontrar.
Lanço ao mar e ao vento esta ânsia que acalento.
O meu estado de espírito oscila, em compasso lento:
Ora choro, ora rio, ora disperso o meu olhar.
Anoitece. À minha volta, paira um silêncio profundo.
Por toda a parte encontro vestígios do passado;
agora, os teus conselhos têm outro significado.
Indistinta, sobrevivo, neste recanto do mundo.
Partiste apressado, sem nada me dizer…
Revejo o teu retrato e procuro uma réstia de olhar.
Porém, um mistério ofusco, guardou-o noutro lugar.
É estranha, esta sensação de não te ter!
Relutante em aceitar a realidade, quero dizer-te:
Recordo com saudade a nossa leal dedicação.
Direi a todos que fomos amigos do coração
e que, num qualquer dia, estarei aí para ver-te.
Nazaré Cunha - (2008-08-02)
Fonte: Blogue "Folhas de História" - post de 02Ago2008