sexta-feira, 5 de outubro de 2012

VIETNAMITAS UM POEMA PARA CONTAR

VIETNAMITAS UM POEMA PARA CONTAR:


Diz-se que recordar é viver
e é certo que assim é
Alegrias e tristezas, tudo porém trás,
quem viu e assitiu
a essa onda de gente a Macau aportar
Seu coração se oprimiu
na esperança de os ajudar!...
Foi assim, que certa manhã
um telefonema recebi,
era o Padre Nicósia a comunicar
que perto da Leprosaria de Ká Ho
pessoas estavam a desembarcar
Sóinho para lá segui
e ao ver aquela gente
meu coração chorou!...
Homens, mulheres e crianças
acabados de chegar
num barco que ao mar os deitou,
eram vietnamitas e à costa vieram dar.
Foi o começo de um longo exôdo.
Pela primeira vez vietnamitas
a Macau vieram parar
um grupo de vinte e três
antigas patentes militares e famílias
O Governo de Macau ajudou,
para outros países enviar,
dezenas, centenas e até milhares
das embarcações
que a Macau vieram aportar
Era tanta, tanta gente,
que não havia mais lugar
para as alojar.
Ilha Verde estava cheia
S. Rafael a abarrotar,
em Ká Ho barracas cheias
sem espaço para as albergar
A tudo isto a ONU e seu Alto Comissário
em Macau, Padre Lancelote
tudo fazim para ajudar
Outros locais se procuraram
para vietnamitas alojar,
mas eram tantos, tantos, tantos
que no mar, junto à ponte cais  da Taipa
tiveram que ficar!...
Foram anos de auxílio,
a esse povo carente
e Macau económicamente se resentiu
visto ter que igualmente sua população ajudar,
que pagando suportava esse povo carente
sendo um auxílio exemplar.
Mas, um dia chegou,
que o Governo decretou
Esse auxílio terminar,
foi então que recusou
vietnamitas a ficar.
Novas levas vinham chegando
para em Macau tentar ficar,
porém, agora era diferente
e toda essa pobre gente
para o alto mar teria que rumar.
Tivemos que começar
essa triste missão
rebocando os barcos para o alto mar
com tristeza no coração
Tristes porém partiam,
vedetas que os acompanhavam
água, gasóleo e comida lhes davam
e, devagar os rebocando
as serenas águas iam sulcando
até às próximidades de Hong Kong chegar.
Barcos pequenos e grandes,
sampanas e alcofas tudo servia
para do Vietname sair
A fim de a liberdade encontrar
pagavam a peso de ouro
para as autoridades subornar
No alto mar eram roubados
e de tudo despojados,
muitos haviam de morrer,
nas costas da Malásia metralhados
Para chegarem ao destino,
muito tiveram que penar,
foram centenas de milhares
que conseguiram sobreviver
e a Macau aportar
Terra Santa acolhedora
que sempre os soube ajudar
Tragédias muitas houvera,
e muito teria que contar!...
mas, um dia tudo mudou
Não mais Vietnamitas em Macau
Hong Kong passou a ser
o cento principal
e anos passaram em campos de refugiados
aguardando seu retorno, para o Vietname
No Museu Marítimo de Macau
frageis embarcações podemos visionar
e muitas delas tem a sua história para contar.

Fonte: Blogue "O Mar do Poeta", post de 01Out2012.

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