sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Bailundos


por esses longos caminhos
os desertos povoando,
passam negras comitivas
de bailundos...

descalços como jesus,
e os seus corpos mal cobertos,
são negras sombras na sombra,
que se eleva escuramente,
sem um carinho de luz.

a noite é um borrão de tinta preta!

mas a triste comitiva
pisando bem o caminho,
- estreito por ser tão longo
como a vida dessas gentes,
vai seguindo o seu destino
cantarolando nocturnos,
de baladas inocentes.

e quando o sol acordar
em seu berço oriental
as comitivas andando,
por carpetes de capim,
que eu não sei onde vão dar,
que eu não sei se têm fim,
vencendo, altivamente, a luta forte
desta vida de ilusão
procuram inutilmente,
mais longe, sempre mais longe,
a terra da promissão.

... ó mensageiros tristes da saudade
que trago dentro de mim:
esse caminho é eterno
e a minha dor não tem fim!

haveis de caminhar, sempre caminhar
que nunca terá fim o vosso inferno!

- não existe humanidade
e o mundo foi sempre assim!

Fonte: Blogue "Angoa: os poetas", post de 07Set2012.

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