De noite,
Nessas noites mornas e lentas,
Iluminadas pela lua sensual,
Quando as flores se abrem languescentes,
De corolas abertas, carnais,
Como corpos que se entregam
Vou, como uma deusa pagã em desvario,
De narinas dilatadas,
Procurar o excitante odor da tua pele.
A boca sedenta, quer beber-te no ar em brasa…
Ávido o olhar, busco encontrar-te
Nas trevas que m’envolvem…
Vejo-te em cada sombra que se adensa…
Ouço no canto das fontes,
A tua voz, que desconheço…
Tem o langor deste desejo que voa até ti…
Quebro de raiva os ramos que me ferem,
sôfrega dos teus beijos…
Piso…Mastigo as folhas secas que m’acolhem
Com a ilusão de morder-te a carne ardente…
Depois, caída na realidade da minha solidão,
Clamo por ti…
Berro na noite teu nome d’amor…
Aperto em meus braços a forma do teu corpo
E mergulho meus lábios nessa imagem,
Soltando uivos de prazer e desespero…
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