Serras, veredas, atalhos,
Estradas e fragas de vento,
Onde se encontram retalhos
De vidas em sofrimento
Retalhos fundos no rostos,
Mãos duras e retalhadas
Pelo suor do desgosto,
que talha as caras fechadas
O caminho que seguiste,
Entre gente pobre e rude,
Muitas vezes tu abriste
Uma rosa de saúde
Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão
As vidas que defendeste,
E o pão que repartiste,
São a água que tu bebeste
Dos olhos de um povo triste
E depois de tanto mundo,
Retalhado de verdade,
Também tu chegaste ao fundo
Da doença da cidade
Da que não vem na sebenta,
Daquela que não se ensina,
Da pobreza que afugenta
Os barões da medicina
Tu sabes quanto fizeste,
A miséria não se cura,
Nem mesmo quando lhe deste
A receita da ternura
Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão
As vidas que defendeste,
E o pão que repartiste,
São a água que tu bebeste
Dos olhos de um povo triste
Fonte: Blogue "Recordações da Casa Amarela - post de Retalhos
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