sexta-feira, 9 de novembro de 2012

VERSOS A UMA ÁRVORE

foto: internet

Naquela árvore vejo o meu próprio destino: 
- brota da terra, cresce, reverdece e enflora! 

ontem, 

- pequeno arbusto humilde e pequenino, 
tronco a elevar-se altivo pelo espaço, - 

agora... 

Naquela árvore vejo a minha própria vida, 
veio do mesmo pó de onde todos brotamos, 
e no esforço da luta 
e na ânsia da subida 
desconjuntou seus galhos... 
retorceu seus ramos! ... 

Em mim, 
o homem rasgou minha alma 
e a encheu talvez de feridas mortais e eternas cicatrizes nela, 
- o tronco marcou, quebrou seus ramos, 
fez talhos por onde foge a seiva das raízes... 

Naquela árvore humana um destino se encerra: 
para viver: - lutou! ... para subir: - sofreu!... 
E transformou em flor e em fruto o húmus da terra, 
e indiferente, ao mundo, os ofertou como eu! 
Se se cobriu de folhas, 
de botões surgidos à flor da fronde assim como pingos de aurora, 
- por dentro, os galhos tortos, rudes, retorcidos, 
são as ânsias de dor que ninguém vê por fora... 

Por consolo, - quem sabe? 
- a Natureza deu ao peito de alguns homens coração de poeta, 
assim como as ramagens do arvoredo, 
encheu com a música das aves, gorjeante e inquieta... 

Naquela árvore, 
vejo a minha própria vida; 
no ser: - a mesma seiva bruta e dolorida; 
na face: - a fronde em flor sob a luz e os orvalhos... 
E o seu consolo e o meu, e o consolo da gente, 
são os pássaros a encher de sons alegremente as dores e as torturas íntimas dos galhos!

Fonte: Sedimentos, post de 27Jun2010

1 comentário:

Teté M. Jorge disse...

Ai, que legal isso de trazer pra cá... poesia (sobre)voando o espaço cibernético!!!

Feliz semana!
Beijos e flores com aroma do campo.

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