via As Causas da Júlia by juliacoutinho@gmail.com (Júlia Coutinho) on 2/4/10
Se eu morrer de manhã
Abre a janela devagar
E olha com rigor o dia que não tenho
Não me lamentes. Eu não me entristeço:
Ter tido a noite é mais do que mereço
Se nem conheço a noite de que venho.
Deixa entrar pela casa um pouco de ar
E um pedaço de céu
O único que sei.
Talvez um pássaro me estenda a asa
Que não saber voar
Foi sempre a minha lei.
Não busques o meu hálito no espelho.
Não chames o meu nome que não tenho
E do mistério nada te direi.
Diz que não estou se alguém bater à porta.
Deixa que eu faça o meu papel de morta
Pois não estar é da morte quanto sei.
Rosa Lobato de Faria
(20.4.1932 - 2.2.2010)
4 comentários:
hooo que bom etar aqui,lindo o teu blog.
Obrigado pelo comentário elogioso. Palavras destas dão-me ânimo para continuar.
obrigada, Rui, por ter citado o meu blog.
Gostei muito do seu.
Obrigado Júlia.
Eu sigo-a regularmente pelo Google Reader.
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