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quarta-feira, 29 de junho de 2011
As visitas ao Sentires Sentidos por mês de Mai2009 a 28Jun2011
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terça-feira, 28 de junho de 2011
As visitas do mundo ao Sentires Sentidos - De 28Mai2008 a 27Jun2011
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Balanço
Contei meus anos
e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente
do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas
percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis,
para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias
que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo
majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços,
não se encanta com triunfos,
não se considera eleita antes da hora,
não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial (...)
Fonte. Blogue "A Lua some e o Sol volta novamente" - post de 24Jan2011
domingo, 26 de junho de 2011
O Banquete
Pela manhã sem dores
Nem afazeres de urgência
Tenho um mata-bicho de garfo.
Um ovo estrelado
Embebido em açucar e azeite
Pão quentinho, tiborna
Torradinhas pequeninas ou de pão de forma
Queijinho da serra
Manteiga com sal
Leite creme com chocolate
Chouriço quente acabadinho de assar
Chouriço negro, broa de milho
Queijinho fresco às fatias
Com pimenta e sal refinado
Uma gemada
Com muito açúcar
Linguiça assada e quentinha.
Numa tacinha
Salgadinhos de ginguba e castanha assada.
Ao almoço com a barriga vazia
Sai um caldo verde
Com um fio de azeite e rodelas de chouriço.
Segue-se um bife com todos
Batatinhas quentes, arroz, fiambre
Molho de tomate
Ou à Portugália
Um pires com polvo em molho de vinagrete
Ou camarão descascado em molho de tomate
Entradas em toda a parte
Ovos cozidos com pimenta
Pastelinhos de nata com canela
Pedacinhos de omeleta em palito
Azeitonas verdes de cortar à faca
Pistachos, Ginguba e caju
Regado com vinho de várias marcas
Verde e fresquinho.
À sobremesa
Um pudim de leite
Mousse de chocolate, brigadeiros
Leite creme com farófias
Papas de milho
Café quentinho com um cheirinho
E Tudo ao som de marchas
Que fazem saltar as emoções
E ficar com pele de galinha.
Rui Moio, 18 de Abril, às 17h30 na cervejaria Aguiar & Almeida
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Onde está DEUS?
El-Rei D. Sebastião
Jovem e belo
Com o seu séquito luzidio
Veio a mim
Em seu cavalo branco
El-Rei D. Sebastião
Visitou-me como súbdito
Entrou no meu cantinho
Sentou-se diante de mim
E perguntou:
Como vai Portugal?
Eu não contava
Que El-Rei me falasse assim.
Refeito do choque
Aquietado pela serena quietude
Deste Rei-Deus
Balbuciei palavras sem nexo
Pensando que ele não soubesse
Como vai o nosso País.
Mas, El-Rei serenou-me:
- Eu vim aqui dizer-te
Que não te amoles
Se puderes alerta o nosso povo
De que eu ainda não morri.
Lembra-lhes a nossa História
Fala-lhes de Alcácer-Quibir
E tenham fé, tenham esperança
Porque quando o tempo chegar
Eu vou estar convosco, aí.
Rui Moio – 24Jan2008. Elaborado pelas 20h00 no café Skipper, em Odivelas.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Esta tábua velha...
É dum vermelho vivo
Pela primeira vez pintada à pistola
Com a cor do sangue da bandeira
E do vigor da resistência
Veio de África
Por sorte não ficou na estrada
Subiu ao convés do último navio
Não é de madeira tropical
É de tábuas e aglomerado
Foi embrulho dos restos de três gerações
De militares e governadores
Saiu-se bem
Não se esfrangalhou
No embrulho pregado à pressa
E não se estragou das chuvas de dois invernos
Foi bancada
Nela mediram-se resistências e tensões
Em África e no exílio
Mostrou força e engenho
Agora o resto da tábua
Que tanta História tem
Vai ser prateleira e estante
De recortes de notícias
Com três e 4 décadas de passado
Desde o tempo
Que de repente
Serviu de tábua de salvação
Dos restos de três gerações
Nota: Poema elaborado pelas 18h45 de 02 de Junho de 2008 no café Latina Real, na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
BALANÇO
Encalho nas palavras,
engadanham-se-me as mãos,
tropeço nas ideias.
Sinto à minha volta o vazio:
Um sopro de vento mais forte ou um simples gesto
Limpou tudo.
O frenesim continua na memória,
Apenas!
Projectos e ideias,
A luz com que enchia as casas e as cabeças dos amigos.
Hoje é o desespero da desesperança
Do dia de amanhã.
A fatalidade de viver onde não conheço ninguém e só identifico algumas árvores.
As pessoas da minha vida
Estão nos caminhos e nos desvios
Percorridos em anos atrás de anos,
Contados como dias ou horas.
Nunca evitei uns e outros.
A memória viva de mim próprio é clara:
Eu, a crescer, a envelhecer.
E os outrros
As imagens deles, vividas em mim e comigo,
A povoarem os meus dias,
Mesmo os ausentes e os fugitivos
Num balanço de uma vida desaparecida
Pela que quero continuar a estar,sendo.
terça-feira, 21 de junho de 2011
Soneto a São José
Chipala
Havia cabelos, olhos em perfil
Nariz, boca.
Era uma presença.
Pensei que fosse para sempre
Que estava ali,
E eu, descuidado, não guardei.
Um dia
A chipala foi-se
Desapareceu
Deixámos de a ver.
Sei, sabemos que está lá.
Ficou a presença
Na forma de um girassol.
Irremediavelmente
E para sempre
Eu,
Nós todos,
Perdemos a chipala
Já não a vemos mais.
OBS: Chipala significa cara ou face em língua Nhanheca (sul de Angola).