Nota
O Comandante Daniel Roxo faleceu heroicamente em combate e ao serviço da Portugalidade no sul de Angola a 23 de Agosto de 1976. Faz hoje 37 anos.
O grande poeta nacionalista Rodrigo Emílio prestou-lhe esta homenagem que foi publicada no seu livro "Reunião de Ruínas", 1976.
Rui Moio
O teu habitat há-de sempre ser à prova de devassa.
Está nesse mato
Mulato
Em que assentaste praça,
E que já hoje, de raiz, te abraça
- Viriato
Do Niassa!
Ao peso da verde capa de capim, que te revista,
Ou sob o tórrido tampão de terra que assista
À tua ausência
- É de pé, e bem a prumo, que o teu corpo agora jaz!
E, ao terrorista
Sem rumo,
Ainda hoje impões tenência
E passo atrás!
Tu cuidaste apenas de arriscar a pele…
Até ao fim, fizeste a guerra
Por amor de um país chocho,
E frouxo,
Hoje por hoje entregue à cobardia.
(ouves-me aí, Daniel,
DANIEL ROXO?...
- Esta pobre terra não te merecia!)
Mas, lá do regaço – ingrato –
Desse mato tropical,
Em que tu, afinal, ficaste intacto
- Já nem a própria morte te rechassa,
Viriato
Do Niassa!
E daí que eu cante
E que te conte,
Comandante,
No horizonte d´este instante
Sem horizontes defronte;
E que daqui em diante
Não me cale –
Em recado encomendado
Para o solo, sacral
E tão sagrado,
Ao colo do qual Já tu estás soldado.
Vivo horas d´um Outro Horto
Mortal,
Meu herói morto…
Irado,
Absorto e reclinado
Sobre a sombra do teu corpo
Ou aos pés da tua alma
Ajoelhado,
Eu sei que estou, afinal,
Perante o desconforto,
Sem igual,
De ver baixar ao teu coval,
Portugal amortalhado!
Acolhe-te, agora à sombra lisa d´uma lousa.
E, na sempre abrasadora asa da brisa,
Em paz repousa
De todo o esforço quinto-imperial,
Que tens levado.
Dá longas tréguas de sono
A esse teu corpo moço
- De colono
E de colosso;
De soldado
Ao solo dado!...
Fonte: Blogue "Dos Veteranos da Guerra do Ultramar (1959 a 1975)"
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Poema de Luto Pesado II - [Homenagem de Rodrigo Emílio ao Comandante Francisco Daniel Roxo]
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