Somos um povo à parte
desprezado
incompreendido
um povo que lutou e foi vencido.
por isso em meu canto de fé,
clamo e proponho, negro,
que a nossa bandeira
seja um pano negro,
negro da cor da noite sem luar...
sobre essa escuridão de luto e de pesar,
da cor da nossa cor,
escreve, irmão,
com a tua mão rude e vacilante
- mas forte
a palavra-força:
união!
traça depois, teimosamente
estas palavras basilares,
edificantes:
trabalho, instrução, educação.
e com letras de ouro,
esplêndidas,
(a mão, mais firme já)
escreve, negro,
civilização, progresso, riqueza.
em caracteres róseos
esboça comovido
a palavra-chave da vida:
amor!
com letras brancas
desenha com amor
a palavra sublime:
paz!
a seguir
a vermelho-vivo
a vermelho-sangue,
com tinta feita de negros corpos desfeitos,
em lutas que vamos travar,
a vermelho-vivo,
cor do nosso sangue amassado
e misturado com lágrimas de sangue,
lágrimas por escravos choradas,
escreve, negro, firme e confiante,
com letras todas maiúsculas,
a palavra suprema
(ideal eterno,
nobre ideal
da humanidade atribulada,
que por ela vem lutando
e por ela vem sofrendo)
escreve, negro,
escreve, irmão,
a palavra suprema:
LIBERDADE
à volta dessas palavras-alavancas
semeia estrelas às mãos cheias
todas rútilas
todas de primeira grandeza,
estrelas belas da nossa esperança
estrelas lindas da nossa fé
Sem comentários:
Enviar um comentário