quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sentir o Império

Cheira a Império
No Rossio
No terreiro do Palácio de Almada


Era assim na minha Terra
E em todo além-mar
Onde havia Portugal


Cheira a Império
No centro de Odivelas
Nos autocarros, no metro 
À noite
Aos Sábados, aos Domingos.
A qualquer dia e hora
No colorido das pessoas
No vozear misturado
Nas roupagens exóticas...


Cheira a Império
No Restelo, nos Anjos
Nos nomes das ruas e praças
No olhar o Tejo
Nos Olivais
E em tantos outros bairros


Cheira a Império
Nas obras a fazer
E nos monumentos construídos
Há tantas pedras que nos falam dele
As dos Jerónimos, as da Torre de Belém
As estradas, as pontes, os palácios
O Jardim Colonial e tanta outra coisa mais


Cheira a Império
no aeroporto
Com tanto viajante
De outros continentes
que chegam e partem
a todo o momento


Cheira a Império
Na polícia, no exército, na marinha
No desporto
Na CP, nos eléctricos
Na Justiça
Na Câmara de Lisboa


Mas,
O Império descasou-se
Já não existe mais
Dantes o nome Portugal
Era em todo o mundo
Agora,
Neste vazio de derrota
há uma amostra
do Império todo
No pequenino Portugal


Ainda bem que assim é
Para todos
Para a última geração do Império
A que não traíu e foi tão sacrificada
pela outra parte dela
Que matou a Pátria e a Nação.

Nota. Poema concebido a 03Maio2008.

2 comentários:

carlosacebolo disse...

Cheira a Império, um poema que espelha bem o grande valor das gentes provenientes do ultramar.A verdadeira alma do Povo português que chegou à Metrópole e espalhou-se por todo o país dignificando a verdadeira raça Lusa.Cheira a Império mostra isso mesmo. Em cada canto a cultura, a cor, o brilho e os costumes vindos de tão longe, prevaleram e ainda hoje se destacam da pequenina cultura que existia na Metrópole.O Cheiro a império só vai desaparecer quando desaparecer o último descendente dos chamados retornados.

Nelsinho disse...

Adorei e coloquei nos meus favoritos; vou continuar lendo os posts mais antigos.

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