segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Cem anos

FALECEU MARIA AMÉLIA PINTO DE CARVALHO E ALMEIDA

via Associação Portuguesa de Poetas by appoetas on 8/1/10


Caros Amigos e Associados:

Tantos Amigos que perdemos este ano! Cada vez se torna mais doloroso, para mim, dar estas notícias tristes. Num curto espaço de tempo, perdemos António Manuel Couto Viana, Embaixador Dário de Castro Alves, Fausta Ripado e, agora,  a nossa querida Senhora D. Maria Amélia Pinto de Carvalho e Almeida. 
Há algum tempo que fora internada,  depois de uma queda. Sabia que não estava bem, mas não queria aceitar a ideia de que a poderíamos perder. E no Boletim, que já está na Tipografia, coloquei alguns poemas seus. Era uma forma de lhe demonstrar o nosso carinho, a nossa ternura. 
Faleceu no Domingo,dia 1 de Agosto de 2010, ao fim da tarde, e o funeral segue hoje de manhã para Travanca de Lagos, onde nasceu, onde tem uma rua com o seu nome.
A Família pediu-me que informasse os Amigos e os Associados da APP, pois em Lisboa não se realizou qualquer cerimónia fúnebre.

Em Dezembro de 2006, o Restaurante VáVá foi pequeno para os muitos Associados da APP que a quiseram homenagear pelo seu 100.º Aniversário.
Todos lhe ofereceram flores e poemas. E ela retribuíu-nos desta forma admirável:  

CEM ANOS

CEM ANOS soma hoje a vida minha
Que ansiei fosse digna, excelente.
Mas sem ser admirável nem mesquinha
Foi a vida vulgar de toda a gente.

E neste incessante desfilar
De dias e semanas, meses e anos,
Vivi teimosamente a pelejar
Por esperanças, ilusões, sonhos e planos.

Calharam-me vitórias e fracassos,
Numa viva explosão de sentimentos
E deixei ecoar pelos espaços
Cantares e risos, prantos e lamentos.

Adorei toda a espécie de trabalho
E as viagens que fiz p'lo mundo fora
E é dessas lembranças que me valho
Pra amenizar este vazio agora.

E assim, face aos anos já vividos
Ora em senda agitada, ora serena,
Feito o balanço desses tempos idos
Vejo que tudo valeu sempre a pena!

Pois tudo teve uma razão de ser
E em tudo adquiri sabedoria
Que pôde minha alma enriquecer
Fez parte da missão que me cabia.

E agradeço a Deus quanto me deu
E este dom da Poesia tão selecto,
Mas sobretudo essa bênção do Céu
Que é o amor dos meus filhos e meu neto.

Deles me orgulho p'lo labor fecundo
E a nobreza que n'alma lhes actua,
Eles são o rasto que deixo no mundo
E neles minha existência continua.

E agradeço aos que em meu longo caminho
- Familiares e amigos, em junção -
Me animaram com o seu carinho,
Me quebraram grilhões de solidão.

Lembro também os meus grandes ausentes
Que ascenderam já à Eternidade
E todavia estão sempre presentes
No altar florido da minha saudade.

E a vós, queridos amigos que aqui estão
A honrar-me com a vossa companhia,
Meu abraço de todo o coração,
Meu BEM HAJAM p'la vossa cortesia.

E que o Céu recompense em bens sem fim
Esta amizade que mostrais por mim!
 Maria Amélia de Carvalho e Almeida



(colocado por Maria Ivone Vairinho)

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