Nota Pessoal
Ernesto Lara Filho, o autor deste poema, no verso "Quando voltares" refere-se à sua irmã Alda Lara que se encontrava na Metrópole a estudar medicina.
Rui Moio
Ernesto Lara Filho, o autor deste poema, no verso "Quando voltares" refere-se à sua irmã Alda Lara que se encontrava na Metrópole a estudar medicina.
Rui Moio
Quando voltares, não mais encontrarás à tua espera
a nossa casinha de adobe
da rua principal.
Quando voltares
da Europa, irmã,
hás-de ver ainda
como a cidade mudou…
(Lembras-te das promessas
que fizemos?)
Quando voltares
Não mais encontrarás poesia no quintalão do Zé Guerra
agora transformado
atravessado
assassinado
por uma avenida transversal.
Quando voltares
só terás
Como o deixaste
O Mercado Municipal.
Não mais o Candeeiro
nem a velha lavadeira
O Frederico
esse agora é pintor
do Morais Pontes.
Nem as acácias rubras
hão-de florir
para ti
quando voltares.
“Lembras-te da palmeira
do quintal?
Foi abaixo com duas machadas
No tronco…”
Um dia
quando voltares
Não mais encontrarás
a Benguela que conhecestes
menina ainda
e que aprendeste a amar.
O velho João Correia?
Já morreu…
Quando voltares, afinal
não mais encontrarás à tua espera
a nossa casinha de adobe
da rua principal.
Ernesto Lara Filho, in Crónicas da Roda Gigante, págs 138 a 140.
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